Associação de ex-combatentes guineenses que lutaram por Portugal exige pagamento de pensão e reforma
O presidente da Associação de Descendentes e Viúvas dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné-Bissau, Amadu Djau, voltou a exigir a Portugal o pagamento de pensões de invalidez, de sangue e a reforma aos ex-militares guineenses que serviram o exército português.
A comitiva cobriu ainda oito túmulos com a bandeira de Portugal.
No seu discurso, Amadu Djau defendeu tratar-se de um "dia histórico em solidariedade para com aqueles que morreram a defender Portugal" e que agora é a vez de o Estado português cumprir com a sua responsabilidade, passados 47 anos, disse.
"Este evento irá impulsionar o Estado português para o cumprimento do Acordo de Argel de 26 de agosto de 1974 relativamente aos compromissos assumidos para o pagamento da pensão de sangue, de invalidez e a reforma aos que prestaram serviço ao Estado de Portugal", afirmou Djau.
O Acordo de Argel, assinado entre Portugal e o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), permitiu que Portugal reconhecesse a Guiné-Bissau como Estado independente.
O presidente da Associação de Descendentes e Viúvas dos Ex-Combatentes Portugueses na Guiné-Bissau afirmou que ao abrigo daquele acordo, Portugal tem de pagar pensões de invalidez, de sangue e a reforma aos seus ex-militares.
Amadu Djau exige ainda a Portugal que devolva a nacionalidade portuguesa aos seus ex-militares na Guiné-Bissau por terem lutado e defendido a sua pátria.
Nos próximos dias, a associação de Amadu Djau promete organizar vigílias junto à embaixada de Portugal em Bissau para pressionar o Governo de Lisboa "a assumir as suas responsabilidades".
Entre os presentes na cerimónia de deposição de coroas de flores e da bandeira portuguesa no túmulo dos ex-militares, destacou-se António Albino Gomes, presidente da associação de deficientes das Forças Armadas portuguesas na Guiné-Bissau.
Falando em crioulo, Albino Gomes notou que aqueles ex-militares "não tiveram culpa de terem nascido portugueses e servido a bandeira portuguesa" e ainda afirmou que estão a reivindicar por aquilo a que julgam ser um direito.
"Nós não temos nada a ver com o PAIGC, somos os terceiros elementos nas negociações entre a Guiné-Bissau e Portugal, em Argel, mas não fomos nem tidos e nem achados", observou Gomes.
O ex-militar disse que questionava Portugal sobre "se acha normal" que tivessem exigido ao PAIGC que lhes pagasse, sabendo que tinham sido seus inimigos durante a guerra pela independência da Guiné-Bissau.
"Portugal está a fugir das suas responsabilidades, mas tem que as assumir", disse.
Se for preciso, avisou Albino Gomes, a associação vai constituir um advogado e levar o caso às instâncias judiciais.