Assassínio de apoiantes de Mondlane remete a "muitas linhas de investigação"
O Procurador-Geral da República de Moçambique, Américo Letela, disse hoje no parlamento que o caso de apoiantes de Venâncio Mondlane mortos a tiro em Maputo remete a "muitas linhas de investigação".
"No caso em apreço, há muitas especulações sobre as motivações deste crime, entretanto, cabe à investigação explorar todas as linhas e determinar a que conduza a busca da verdade material (...) Os elementos de que dispomos remetem-nos para a necessidade de conjugar todas as linhas de investigação", disse hoje o Procurador-Geral, Américo Letela, ao responder, no parlamento, a perguntas dos deputados.
Logo após as eleições gerais de 2024, o assessor jurídico de Venâncio Mondlane, o conhecido advogado Elvino Dias, e o mandatário do Podemos, Paulo Guambe, partido que apoiava a sua candidatura presidencial, foram baleados mortalmente na noite de 18 de outubro, no centro de Maputo, com tiros de metralhadora, num crime que provocou a comoção na sociedade moçambicana e que continua por esclarecer.
No parlamento, Américo Letela prometeu aos moçambicanos investigar e esclarecer o assassínio de apoiantes diretos de Mondlane, mas pediu "paciência" para explorar as muitas "linhas de investigação".
"Há muitas linhas de que dispomos, então temos que explorar o máximo possível e muitas das vezes a investigação não compadece com falta de paciência (...) O criminoso pode colocar uma linha só para desviar a real linha de investigação que pode fazer chegar a ele", explicou Letela.
Após a morte dos seus apoiantes e em busca da referida "verdade eleitoral", o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane liderou a pior contestação em Moçambique, com manifestações pós-eleitorais em que quase 400 pessoas perderam a vida em resultado de confrontos entre a polícia e os manifestantes, segundo dados de organizações da sociedade civil, degenerando, igualmente, em saques e destruição de empresas e infraestruturas públicas.
Na terça-feira, a Procuradoria-Geral da República pediu uma lei específica contra crimes de vandalismo, destruição de bens e cerceamento de liberdades durante protestos, após o registo de atos similares durante manifestações pós-eleitorais.
O Governo moçambicano confirmou anteriormente que, durante as manifestações, ocorreram pelo menos 80 mortes, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias.
Em 23 de março, Mondlane e Daniel Chapo, Presidente já empossado, encontraram-se pela primeira vez e foi assumido o compromisso de acabar com a violência pós-eleitoral no país, embora, atualmente, críticas e acusações mútuas continuem nas declarações públicas dos dois políticos.