Foram já detidas dezenas de pessoas envolvidas no assalto ao Capitólio na semana passada. O Departamento de Justiça está atualmente em busca de mais de 150 outros suspeitos. Entretanto, Donald Trump voltou a descartar responsabilidades pelo incidente e considera que um segundo processo de impeachment é "absolutamente ridículo".
Segundo o New York Times, as autoridades estão atualmente em busca de mais de 150 suspeitos para serem detidos e levados a julgamento, um número que se prevê que aumente nos próximos dias. Para além disso, estão ainda a ser investigadas organizações terroristas e “adversários estrangeiros” que possam ter algum papel na radicalização dos norte-americanos que estavam entre os manifestantes que no dia 6 de janeiro assaltaram o Capitólio.
O Departamento de Justiça já reuniu informações suficientes para acusar e deter mais de uma dezena de pessoas. Entre os detidos estão incluídos os principais rostos do ataque, como Jacob Chansley (o homem visto a invadir o Capitólio com um chapéu de pêlo, um adereço com cornos e a bandeira americana pintada no rosto e erguida na mão), Adam Johnson (o homem que aparece sorridente a roubar a tribuna de Nancy Pelosi) e Richard Barnett of Gravette (fotografado com os pés sobre a secretária de Pelosi).
Para além destas detenções e de várias outras de ativistas notórios de extrema-direita, há notícia de procedimentos judiciais iniciados contra diversos responsáveis policiais e militares.
Tim Ryan, membro da Câmara dos Representantes e presidente da Câmara que controla a Polícia do Capitólio, avançou ao NYT que dois agentes da Polícia do Capitólio foram suspensos. Um deles foi identificado em fotografias nas redes sociais com manifestantes e o outro foi visto entre a multidão a usar um chapéu com o slogan da campanha do presidente Donald Trump (“Make America Great Again”).
A Polícia do Capitólio também abriu uma investigação interna acerca da conduta de dez a 15 agentes durante o assalto. Segundo o NYT, o FBI está ainda a investigar a possibilidade de os agentes e militares terem ajudado os manifestantes.
Vários agentes dos departamentos da polícia de New Hampshire, Pensilvânia, Texas e do Estado de Washington foram suspensos por terem participado no comício de Donald Trump, momentos antes de os manifestantes pró Trump terem invadido o Capitólio.
O Exército está também a investigar uma oficial que terá conduzido mais de 100 pessoas a Washington para o comício de Trump. A militar, identificada como capitã Emily Rainey, prestou um depoimento comprometedor para os escalões superiores da hierarquia militar, afirmando: "Informei os meus chefes de que ia e disse-lhes quando voltei".
Para além disso, surgem agora indicações de que alguns dos assaltantes terão iniciado um ataque organizado. Tim Ryan explica que os relatórios iniciais demonstram que as bombas colocadas nas proximidades da sede do Partido Republicano e Democrata serviram para desviar a atenção dos agentes do que estava a ocorrer no Capitólio, o que sugere um “nível de coordenação”.
Trump descarta responsabilidades
Donald Trump é acusado de ter incitado à violência, quando voltou a insistir nas acusações infundadas de fraude eleitoral durante o comício e instou os seus apoiantes a marcharem até ao Congresso.
“Vamos marchar até ao Capitólio e vamos torcer pelos nossos corajosos senadores e congressistas e, provavelmente, não vamos torcer assim tanto por alguns deles. Vocês têm que mostrar força e têm que ser fortes”, disse Trump durante o comício, no dia em que o Congresso estava reunido para ratificar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais.
O discurso do ainda presidente dos EUA foi considerado o rastilho para as manifestações pró Trump que se seguiram e que culminaram no assalto ao Capitólio que provocou, pelo menos, cinco mortos.
Trump descartou qualquer responsabilidade pelo incidente e insistiu esta terça-feira que o seu discurso durante o comício foi “totalmente apropriado”. O presidente norte-americano aponta o dedo ao movimento ANTIFA, um movimento antifascista, que combate precisamente os supremacistas e elementos de extrema-direita, muitos deles que têm apoiado Trump.
Esta terça-feira, Trump também descreveu como “absolutamente ridículo” que outro julgamento de destituição seja aberto no Congresso. Os democratas apresentaram na segunda-feira um pedido formal de impeachment, acusando Trump de ter “incitado à insurreição”. A acusação será discutida na Câmara de Representantes na quarta-feira.
Trump, que arrisca assim ser o primeiro presidente dos EUA a ser alvo de um segundo processo de impeachment, argumenta que essa possibilidade está a causar uma “tremenda raiva” no país.
c/agências