"Ártico é área de interesse". Rússia atenta ao apetite de Trump pela Gronelândia
Em reação às declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o triplo desejo de compra de Gronelândia, absorção do Canadá e controlo do Canal do Panamá, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, lembra que a Rússia tem interesses nacionais e estratégicos no Ártico.
O porta-voz do Kremlin acrescentou que as afirmações de Donald Trump são da competência dos Estados Unidos, da Dinamarca e de outras nações, mas que a Rússia está a acompanhar a situação em torno dos comentários do presidente eleito dos EUA. “Estamos presentes na zona do Ártico”, frisou.Cerca de 56 mil pessoas vivem na Gronelândia, que alberga bases militares norte-americanas e dinamarquesas. Tem também uma considerável riqueza mineral e petrolífera por explorar.
“O Ártico é uma área do nosso interesse nacional, estamos presentes e continuaremos a estar. Queremos manter a paz e a estabilidade nesta região e estamos prontos a interagir com todas as partes para esse fim”, garantiu.
“Estamos a acompanhar de perto o desenvolvimento bastante dramático da situação, mas até agora, graças a Deus, ao nível das declarações.”
Peskov acrescentou que as tentativas dos EUA de ganhar a Groenlândia, que datam do século XIX, eram um assunto para os Estados Unidos e a Dinamarca, mas reparou que a Europa estava reagindo com muita cautela às declarações de Trump.
“A Europa reage de forma muito tímida e é obviamente assustador reagir às palavras de Trump, por isso a Europa reage de forma muito cautelosa, modesta, silenciosa, quase num sussurro”, acusou Peskov.
O porta-voz do Kremlin tentou também estabelecer um paralelo com as quatro regiões ucranianas anexadas por Moscovo em 2022, na sequência de referendos fictícios que não foram reconhecidos no estrangeiro, incluindo pela esmagadora maioria dos aliados da Rússia.
“Se estamos a falar da necessidade de ter em conta as opiniões das pessoas, talvez devêssemos também recordar as opiniões dos habitantes das quatro novas regiões da Federação Russa. E mostrar o mesmo respeito pela opinião do povo” da Gronelândia, sublinhou o porta-voz do Kremlin.
Quando questionado sobre as observações de Trump sobre o Canal do Panamá, que os Estados Unidos construíram e possuíam antes de o entregarem ao Panamá em 1999, o Kremlin disse que tinha ouvido as observações, mas que cabia aos Estados Unidos e ao Panamá resolverem o assunto.
c/ agências