Começou o julgamento de Johan Floderus no Irão, onde está acusado dos crimes de espionagem para Israel e "corrupção na Terra", um dos mais graves na arquitetura judicial do regime dos ayatollahs. O funcionário sueco da União Europeia foi detido no aeroporto de Teerão em abril do ano passado.
As autoridades iranianas alegam que Johan Floderus esteve em contato com vários suspeitos europeus e não europeus no Irão e visitou Israel, sugerindo ainda que a Suécia desenvolve "espionagem por procuração para Israel".
“O réu tem atuado contra a República Islâmica do Irão no campo da recolha de informações em benefício do regime sionista sob a forma de projetos subversivos”, relatou a Mizan, agência do poder judiciário iraniano, num relatório divulgado online.
Citando a acusação, a Mizan acrescenta que “Johan Floderus é acusado de extensas medidas contra a segurança do país, extensa cooperação de inteligência com o regime sionista e corrupção na Terra”.A corrupção na Terra é um dos crimes mais graves do Irão e pode implicar uma pena máxima de morte.
Floderus, de 33 anos, cidadão sueco a trabalhar para o serviço diplomático da União Europeia, está preso há mais de 600 dias. Foi detido a 17 de abril de 2022, no aeroporto de Teerão, quando regressava ao Irão de uma viagem ao exterior, e está detido na prisão de Evin, na capital do país.
Floderus estará envolvido em atividades generalizadas contra a segurança nacional [e] desenvolve uma “ampla cooperação de inteligência com o regime sionista”, uma referência a Israel, reportou ainda a Mizan.
A acusação alega que Floderus teria recolhido informações sobre os programas nucleares e de enriquecimento do Irão, realizado “projetos subversivos” em benefício de Israel e estabelecido uma rede de “agentes do serviço de espionagem sueco”.
Foi ainda alegado que o cidadão sueco estava envolvido na “cooperação e comunicação de inteligência com a União Europeia” e no grupo de oposição exilado Mujahedin do Povo (MEK).
A agência Mizan publicou fotos de Floderus diante dos juízes em farda de prisão azul claro enquanto as acusações eram lidas | Amir-abbas Ghasemi - Mizan/ Wana via Reuters
O ministro sueco dos Negócios Estrangeiros, Tobias Billstrom, confirmou no sábado que o julgamento começou no Irão e defendeu que “não há qualquer sustentação para manter Johan Floderus detido, muito menos levá-lo a julgamento”.
A detenção do funcionário sueco ocorreu na mesma altura que um cidadão iraniano, Hamid Noury, estava a ser julgado na Suécia pela execução em massa de dissidentes em Teerão, um crime referente a 1988. Noury acabou por ser condenado a prisão perpétua em julho de 2022. Porém, já recorreu da sentença e aguarda veredito do tribunal de recurso da Suécia, a 17 de dezembro próximo.