Armin Papperger. Patrão alemão do armamento alvo de alegado plano russo de assassínio

por Inês Moreira Santos - RTP
Benoit Tessier - Reuters

No início do ano, os serviços secretos dos Estados Unidos terão descoberto e impedido um plano do Governo russo para assassinar o diretor executivo da principal empresa alemã que fornece armamento à Ucrânia. Armin Papperger, CEO da Rheinmetall, seria o principal alvo, mas não o único na mira de Moscovo.

A empresa Rheinmetall tem sido uma das principais fabricantes de armas, na Alemanha, enviadas para a Ucrânia e, segundo a estação norte-americana CNN, pretendia abrir uma fábrica em território ucraniano. O assassinato de Papperger era apenas um dos planos da Rússia para matar executivos da indústria de Defesa na Europa que têm apoiado Kiev, desde a invasão russa.

Os alegados planos para matar o CEO desta empresa alemã estavam já numa fase avançada
, segundo fontes norte-americanas. Os EUA, assim que descobriram o objetivo de Moscovo, informaram imediatamente os serviços secretos alemães, que reforçaram a segurança de Papperger e da empresa Rheinmetall.

O próprio diretor executivo confirmou ao Financial Times que o Governo da Alemanha reforçou a sua segurança e dos que lhe eram próximos, embora não tenha confirmado as ameaças russas.

"Não deixaremos que isto nos desvie da ação decisiva para apoiar a Ucrânia", afirmou também uma fonte da empresa ao jornal alemão Der Spiegel.

Há mais de meio ano que a Rússia está a avançar com uma campanha de sabotagem em toda a Europa, em grande "por procuração". De acordo com a publicação, Moscovo recrutou amadores locais para diversos esquemas, incluindo ataques incendiários a armazéns ligados ao fornecimento de armas à Ucrânia e pequenos atos de vandalismo, de formar a impedir o fluxo de armas do Ocidente para a Kiev.
Os serviços secretos norte-americanos referem que as informações agora descobertas e divulgadas demonstram que os líderes ocidentais devem estar alerta, porque a Rússia tem com alvos cidadãos para combater a intervenção do Ocidente na guerra com a Ucrânia.
Papperger seria um alvo óbvio, considerando que a empresa que dirige é a maior fabricante alemã dos vitais projéteis de artilharia de 155 milímetros, que se tornaram a arma decisiva no conflito. Além disso, a empresa vai abrir uma fábrica de veículos blindados dentro da Ucrânia nas próximas semanas.

Esta série de presumíveis planos e conspirações russos, que não tinha sido noticiada antes, explica os avisos cada vez mais regulares dos responsáveis da NATO sobre a gravidade da campanha de sabotagem da Rússia.

"Estamos a ver sabotagem, estamos a ver planos de assassinato, estamos a ver fogo posto. Estamos a ver coisas que têm um custo em vidas humanas", disse um alto responsável da NATO aos jornalistas na terça-feira, em Washington. "Acredito muito que estamos a assistir a uma campanha de atividades secretas de sabotagem por parte da Rússia que têm consequências estratégicas".

Já o Conselho de Segurança Nacional recusou-se a comentar a alegada conspiração russa e o aviso dos Estados Unidos à Alemanha. No entanto, a porta-voz daquele organismo, Adrienne Watson, afirmou num comunicado que "a intensificação da campanha de subversão da Rússia é algo" que estão "a levar muito a sério" e em que se têm "concentrado intensamente nos últimos meses".

"Os Estados Unidos têm vindo a discutir esta questão com os nossos aliados da NATO e estamos a trabalhar ativamente em conjunto para expor e interromper estas atividades"
, afirmou. "Também deixámos claro que as ações da Rússia não vão impedir os aliados de continuar a apoiar a Ucrânia".
Tópicos
PUB