Os líderes do Azerbaijão, Ilham Aliev, e da Arménia, Nikol Pashinian, mostraram-se hoje dispostos a iniciar o processo de demarcação e delimitação da fronteira entre as suas repúblicas do Cáucaso, para evitar futuros confrontos armados.
A decisão foi comunicada na sequência de uma reunião entre Aliev e Pashinian, convocada pelo Presidente russo Vladimir Putin, e que decorreu em Sochi, uma cidade russa nas margens do mar Negro, no primeiro encontro entre os três dirigentes desde janeiro passado.
"As fronteiras entre a Arménia e o Azerbaijão não estão delimitadas, e por esse facto referimos por diversas ocasiões que estamos dispostos a iniciar sem atraso esse processo", disse Aliev durante o encontro, transmitido em direto pela televisão pública russa.
O primeiro-ministro arménio também assegurou a sua disponibilidade para iniciar essa solução entre os dois países, que disputam desde 1988 o controlo do enclave do Nagorno-Karabakh, quando ainda estavam integrados na União Soviética.
"Estamos preparados para começar o processo de delimitação e demarcação das fronteiras", afirmou Pashinian.
Por seu turno, Putin congratulou-se com a disponibilidade da Arménia e Azerbaijão para normalização da situação e reconheceu que a delimitação das fronteiras entre as duas ex-repúblicas é um assunto "complicado".
A reunião trilateral de Sochi decorreu num período de novas tensões na fronteira entre a Arménia e o Azerbaijão, onde em 16 de novembro se registaram novos confrontos armados com mais de uma dezena de mortos dos dois lados.
O enclave do Nagorno-Karabakh está situado em território azeri, mas permanece controlado há 30 anos por um autoproclamado Governo arménio.
Os combates de 16 de novembro foram os mais violentos entre a Arménia e o Azerbaijão desde o fim de uma guerra de seis semanas em 2020, que provocou mais de 6.500 mortos e implicou importantes avanços azeris nas regiões em disputa.
Estes últimos confrontos ilustram o precário equilíbrio que prevalece entre as duas ex-repúblicas soviéticas e países rivais do Cáucaso do Sul, apesar da presença na região de soldados das forças de manutenção de paz russas, enviadas em novembro de 2020 no âmbito do cessar-fogo negociado por Putin.
Habitada por uma maioria de população arménia de religião cristã ortodoxa, a região montanhosa do Nagorno-Karabakh, apoiada por Erevan, proclamou a secessão do Azerbaijão muçulmano na sequência da implosão da União Soviética em 1991, e que implicou uma primeira guerra (1991-1994) com um balanço de 30.000 mortos, na ocasião com um desfecho favorável às pretensões arménias.