Washington, 19 abr (Lusa) -- O Governo dos Estados Unidos disse na terça-feira que armar centenas de milhares de civis na Venezuela "levará ao desastre", após o Executivo de Nicolás Maduro ter aprovado a ampliação da Milícia Bolivariana para 500 mil civis armados.
"É preciso enviar uma mensagem de não-violência e de responsabilidade", indicou um alto funcionário do departamento de Estado norte-americano numa conferência telefónica com jornalistas sobre os protestos convocados para hoje na Venezuela.
"O exército, a polícia e o restante das Forças Armadas devem cumprir a Constituição e as leis internacionais e garantir os direitos dos cidadãos que se manifestam", afirmou a mesma fonte em referência à repressão por parte dos agentes de segurança que foi denunciada nas últimas semanas.
O porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner, disse mais tarde que "aos responsáveis pela repressão criminal (...) serão exigidas responsabilidades individuais pelas suas ações", perante a comunidade internacional e pelo "povo venezuelano e as suas instituições".
Em relação às denúncias de detenções arbitrárias e torturas, o alto funcionário do Departamento de Estado solicitou "uma investigação completa, justa e transparente sobre os acontecimentos".
Ainda assim, a mesma fonte instou os cidadãos para que saiam à rua e expressem as suas inquietações, mas pediu que o façam "de uma forma não violenta".
Questionado sobre se o Governo norte-americano estaria disposto a impor sanções contra a Venezuela, o responsável indicou que essas ações "afetariam a grande maioria dos cidadãos venezuelanos", que já sofrem carências de abastecimento alimentar e de medicamentos, entre outras coisas.
A oposição convocou protestos contra Maduro para hoje, em todo o país e até no estrangeiro, coincidindo com a comemoração do início da luta pela independência da Venezuela de Espanha, a 19 de abril de 1810.
O Governo de Maduro também convocou manifestações paralelas para de manhã.
Na segunda-feira, Maduro anunciou que tinha aprovado um plano para ampliar para 500 mil os membros da Milícia Bolivariana que, armados com espingardas, foram destacados para todo o país.
A Milícia Bolivariana é um corpo de milícias integrado por civis, criado pelo ex-presidente Hugo Chávez em 2009 para servir como complemento à Força Armada Nacional Bolivariana.