Argentina vira à extrema-direita. Javier Milei promete "fim da decadência" e "reconstrução"

por RTP
O novo presidente da Argentina promete a reconstrução do país Juan Ignacio Roncoroni - EPA

Javier Milei, economista ultraliberal que prometeu "exterminar" a inflação naquela que é a segunda maior economia da América do Sul, foi eleito presidente da Argentina. No seu discurso de vitória, afirmou que começa agora "o fim da decadência" e a reconstrução do país, não havendo espaço para "meias medidas".

“Hoje começa a reconstrução da Argentina. Esta é uma noite histórica”, declarou Milei na noite de domingo em Buenos Aires, classificando de “milagre” a sua vitória.

O recém-eleito presidente garantiu a implementação de “mudanças drásticas” para combater a que considera uma “realidade trágica”: a da crescente inflação, agora fixada em 143%, e a da pobreza no país

Deixou também uma mensagem à comunidade internacional: “A Argentina vai regressar ao lugar do mundo de onde nunca devia ter saído”.O novo presidente arrecadou mais de 55% dos votos, vencendo o atual ministro peronista da Economia, Sergio Massa.

"O modelo empobrecedor de castas acabou. Estamos a adotar o modelo de liberdade, para nos tornarmos novamente uma potência mundial", disse Milei. "Termina uma forma de fazer política e começa outra", acrescentou.

"Enfrentamos problemas monumentais: inflação, estagnação, ausência de empregos reais, insegurança, pobreza e miséria", enumerou o presidente eleito. "Problemas que só terão solução se abraçarmos mais uma vez as ideias de liberdade", acrescentou.

"Não há espaço para o gradualismo, não há espaço para a tibieza ou meias medidas", alertou Milei.
Medidas contra a inflação
Durante a campanha, o candidato prometeu abolir o Banco Central, introduzir o dólar dos Estados Unidos como moeda nacional, entre outras ruturas nas políticas económicas e financeiras do país.

Outra proposta é uma redução drástica do número de ministérios, para apenas oito, o que levou o seu adversário a afirmar durante a campanha que estava em causa prestação de serviços essenciais à população, incluindo Saúde e Educação.

O economista estendeu no domingo à noite a mão a "todos os argentinos e líderes políticos, todos aqueles que querem aderir à nova Argentina", mas também alertou sobre uma possível resistência social às suas reformas.

"Sabemos que há pessoas que vão resistir, que vão querer manter este sistema de privilégios para alguns, mas que empobrece a maioria. Digo-lhes isto: tudo o que está na lei é permitido, mas nada além da lei", sublinhou.
Bolsonaro e Trump felicitam Milei
O rival de Milei, Sergio Massa, já deu os parabéns ao presidente eleito, mas lamentou que o povo argentino tenha “escolhido outro caminho”.

“Obviamente que estes não eram os resultados que esperávamos. Já falei com Javier Milei para o felicitar, por ser o presidente que a maioria dos argentinos escolheu para os próximos quatro anos”, disse Massa.

Já vários antigos líderes internacionais deram também os parabéns a Milei. O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, falou numa vitória pela “honestidade, progresso e liberdade”. Já Donald Trump, antigo líder dos Estados Unidos, disse estar “muito orgulhoso” de Milei, esperando que este “torne a Argentina grandiosa outra vez”.

O próximo presidente argentino, que sucederá ao peronista Alberto Fernández (2019-2023), governará a partir de 10 de dezembro para o período 2023-2027.

c/ Lusa
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