A Argentina acumulou um excedente orçamental equivalente a 0,2% do produto interno bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, pela primeira vez desde 2008, anunciou o presidente, Javier Milei.
O chefe de Estado ultraliberal anunciou que o setor público argentino registou um resultado financeiro (incluindo o pagamento dos juros da dívida externa) de 1,13 biliões de pesos (1,22 mil milhões de euros).
Sem contar com o pagamento da dívida, o excedente das contas públicas da Argentina teria atingido 3,8 biliões de pesos (3,96 mil milhões de euros), 0,6% do PIB, entre janeiro e março.
Milei divulgou os resultados das contas públicas, algo normalmente feito através de um comunicado, numa mensagem de 16 minutos gravada na Casa Rosada, a sede do governo, rodeado pela tutela da Economia e divulgada pela imprensa pública.
"É um feito de proporções históricas a nível mundial", disse o economista, que tomou posse a 10 de dezembro, com a promessa de fechar este ano com um excedente orçamental.
Em 2023, a Argentina registou um défice primário equivalente a 2,9% do PIB e um resultado financeiro negativo de 6,1%.
Sem um aumento das receitas, Milei explicou o excedente com cortes drásticos nas transferências para as províncias, educação e saúde, paralisação do investimento em obras públicas, despedimentos na função pública, cortes nos subsídios aos transportes, eletricidade e gás e aumentos das pensões muito abaixo da inflação.
O documento dá como exemplo o esvaziamento do plano contra a fome, a suspensão de uma agência pública que apoiava doentes na aquisição de medicamentos e equipamento médico e os cortes na educação pública.
Os estudantes universitários prometeram realizar esta terça-feira uma marcha contra os cortes no financiamento do ensino superior público, enquanto a Confederação Geral do Trabalho, o maior sindicato da Argentina, está a preparar a segunda greve geral a 9 de maio.
Com o salário mínimo fixado em 202 mil pesos (200 euros) e 41,7% da população a viver na pobreza, o consumo tem caído e os analistas preveem uma contração do PIB de 3,5% este ano.
Mas Milei mostrou-se otimista, dizendo que a economia vai crescer graças à indústria mineira e do petróleo, à agricultura e ao investimento privado.