Arcebispo de Díli afirma que todos os timorenses sentem morte de Francisco
O arcebispo de Díli, Virgílio do Carmo da Silva, afirmou hoje que todos os timorenses sentem a morte de Francisco, lembrando que a visita do Papa a Timor-Leste foi um momento comovente e especial.
"Cada timorense sente esta perda, mas temos de ter coragem para continuar a rezar pelo Papa", afirmou o único cardeal timorense, durante uma conferência à imprensa na Conferência Episcopal de Díli.
"Ficámos muito ligados ao Papa em setembro. O Papa levou os timorenses no coração e o Papa está no coração de cada timorense. Ficou esta proximidade. Esse momento foi comovente, especial, histórico", salientou.
Nas declarações aos jornalistas, o também presidente da conferência episcopal timorense informou que a partir de terça-feira às 10:00 locais (02:00 em Lisboa) será disponibilizado um livro de condolências para governantes e diplomatas acreditados em Díli prestarem a sua homenagem ao Papa Francisco.
Os fiéis timorenses podem a partir da mesma hora prestar a sua homenagem no Jardim de Lecidere, em Díli.
Também foi pedido a todos os padres e párocos do país para organizarem missas por Francisco, acrescentou Virgílio do Carmo da Silva, que também faz parte do conselho cardinalício, que elegerá o próximo Papa.
O Papa Francisco morreu hoje aos 88 anos, após 12 anos de um pontificado marcado pelo combate aos abusos sexuais, guerras e uma pandemia.
Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta a chegar à liderança da Igreja Católica.
O Papa Francisco esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral, tendo tido alta em 23 de março. A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer.
Uma das últimas viagens feitas pelo Papa Francisco foi a Timor-Leste, entre 09 e 11 de setembro de 2024, durante a qual esteve reunido com o Presidente timorense com as autoridades religiosas, sociedade civil e corpo diplomático acreditado no país.
Aos timorenses pediu para continuarem a construir e a consolidar as instituições do país para que "estejam completamente aptas a servir o povo de Timor-Leste" e para que os "cidadãos se sintam efetivamente representados".
"A fé que vos iluminou e susteve no passado continue a inspirar o vosso presente e o vosso futuro", disse o Papa, lembrando que agora Timor-Leste tem um "novo horizonte, com céu limpo, mas com novos desafios a enfrentar e novos problemas a resolver".
Durante a visita, de três dias, Francisco encontrou-se com representantes religiosos e deu uma missa campal, onde participaram cerca de 600.000 pessoas.
No último dia da visita, antes de deixar Díli, o Papa encontrou-se com jovens.
"Não me vou esquecer mais dos vossos sorrisos", disse o Papa Francisco aos jovens timorenses, que representam cerca de 70% da população do país.
Aquela foi a segunda vez que um Papa visitou Timor-Leste, país onde 98% dos 1,3 milhões de habitantes são católicos. A primeira ocorreu em 1989 quando João Paulo II visitou o território, ainda sob ocupação indonésia.