Arábia Saudita. Detidos oito ativistas dos Direitos Humanos

por RTP
Entrada do Tribunal de Riade Faisal Al Nasser, Reuters

As autoridades da Arábia Saudita prenderam hoje oito ativistas dos Direitos Humanos na sequência de uma “nova campanha de detenções”, denunciaram as organizações não- governamentais sauditas. Esta terá sido a primeira ação repressiva judicial depois do homicídio de Jamal Khashoggi, que desapareceu na Embaixada da Arábia Saudita em Istambul.

O jornal The Guardian confirma que foram detidas oito pessoas, críticas do príncipe Mohammed bin Salman, com ligações a 11 ativistas condenadas no ano passado.

A maioria das detenções ocorreu na quinta-feira, sendo que todos os detidos foram retirados das suas casas em Riade, à exceção de um que foi detido em Dammam.

O grupo de detidos é composto por sete homens e uma mulher, escritora, que está grávida. Entre os detidos estão dois homens com dupla nacionalidade, no caso saudita e norte-americana: Badr al-Ibrahim, um escritor e físico; e Salah al-Haidar, filho de uma ativista que recentemente saiu da prisão.

Nos últimos meses, a Arábia Saudita tem sido alvo de pressão internacional devido ao assassinato do jornalista Jamal Khashoggi – que foi dirigido por ex-assessores do príncipe herdeiro – e pelo julgamento de 11 mulheres ativistas.

Na semana passada, um tribunal de Riad libertou temporariamente três das mulheres que estavam a ser julgadas, aumentando as esperanças de uma atitude mais tolerante. Contudo, as novas detenções podem sinalizar que as autoridades resistirão à pressão internacional e continuarão a aplicar sentenças severas.

“As autoridades sauditas parecem estar empenhadas em silenciar qualquer um que ouse falar ou até expressar opiniões de forma privada e pública”, disse o representante da Amnistia Internacional no Médio Oriente, Samah Hadid.
Ativistas vítimas de tortura
Entre as onze mulheres que foram presas em maio do ano passado por participarem numa campanha pela defesa do direito das mulheres de conduzir, estava Loujain al-Hathloul, uma defensora proeminente desta causa.

Em breves aparições no Tribunal, algumas das mulheres detidas, incluindo Hathloul, alegaram que foram agredidas sexualmente e torturadas. A próxima audiência do julgamento está agendada para o dia 17 de abril, mas a imprensa estrangeira está impedida de assistir.

The Guardian revelou no início desta semana que os relatórios médicos de alguns prisioneiros sauditas mostram que estes estão a sofrer os efeitos de desnutrição e de torturas físicas, como cortes e queimaduras. Este relatório aparenta ser a primeira evidência de que os presos políticos estão a enfrentar graves abusos físicos.
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