Arábia Saudita condena cinco pessoas à morte pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi

por RTP
Jamal Khashoggi entrou no consulado saudita em Istambul a 2 de outubro de 2018 e nunca mais foi visto Foto: Sarah Silbiger - Reuters

O procurador-geral da Arábia Saudita informou esta segunda-feira que cinco pessoas foram sentenciadas à morte devido ao envolvimento no caso do homicídio do jornalista Jamal Khashoggi. Outras três pessoas foram condenadas com penas de prisão de 24 anos.

Em conferência de imprensa, o procurador Shalaanal-Shalaan revelou também que dez das 21 pessoas detidas durante a investigação foram libertadas por falta de provas e que o tribunal rejeitou as acusações contra outras três.

O tribunal criminal de Riade determinou a pena de morte para cinco dos indivíduos considerados culpados “por participarem diretamente no assassinato da vítima”.

Já outras três pessoas foram sentenciadas a penas de prisão que totalizam 24 anos “pelo seu papel no encobrimento deste crime e por violarem a lei”.

Os condenados ainda poderão recorrer à sentença.

Jamal Khashoggi, jornalista saudita de 59 anos que residia nos Estados Unidos, era um forte crítico da família real do país de origem. A 2 de outubro de 2018 entrou no consulado saudita em Istambul para recolher documentos necessários ao seu futuro casamento e nunca mais foi visto.

Na altura, a Arábia Saudita confessou que o jornalista morreu no edifício depois de as negociações para que regressasse ao país terem falhado. A Turquia acredita que foi estrangulado e desmembrado, apesar de nunca terem sido encontrados vestígios do corpo.

O assassinato despoletou reações a nível global e manchou a imagem do príncipe saudita, Mohammad bin Salman, que a CIA e vários governos acreditam ter orquestrado a morte do jornalista. As acusações foram sempre rejeitadas pela realeza.

O procurador-geral saudita declarou esta segunda-feira que as investigações provaram “que não existia uma inimizade prévia” entre os condenados e Jamal Khashoggi, mas não avançou quais terão sido as razões do assassinato.

O ex-conselheiro da família real saudita, Saud al-Qahtani, foi uma das pessoas investigadas contra quem não foram encontradas quaisquer provas. Em novembro, porém, o promotor saudita disse que o ex-conselheiro discutiu as atividades de Khashoggi antes de este entrar no consulado onde foi morto.

A organização internacional Human Rights Watch considera que o julgamento, realizado à porta fechada, não cumpriu os padrões internacionais e que as autoridades sauditas “obstruíram responsabilidades significativas”.
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