Influência russa. Coreia do Norte com "mais capacidade para travar uma guerra"
As tropas norte-coreanas que lutam ao lado da Rússia, contra a Ucrânia, estão a ganhar experiência de combate, o que torna Pyongyang "mais capaz de travar uma guerra contra os seus vizinhos". O aviso partiu da vice-embaixadora dos Estados Unidos na ONU, perante o Conselho de Segurança.
A Rússia estreitou laços diplomáticos e militares com a Coreia do Norte desde que Moscovo invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022, e como resultado, desde o mês passado, mais de 12 mil soldados norte-coreanos chegaram às fronteiras entre a Rússia e Ucrânia.
Este contigente recebeu treino de equipamentos militares e embrenhou-se em combates contra forças ucranianas na região russa de Kursk, explicou Dorothy Camille Shea, vice-embaixadora dos EUA na ONU, ao Conselho de Segurança da ONU, que se reuniu esta quarta-feira.
Esta sessão, com 15 membros, realizou-se para analisar o propósito do teste de um novo míssil norte-coreano hipersónico de alcance intermédio, cujo lançamento coincidiu com a visita do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, a Seul, na Coreia do Sul, na segunda-feira.
Aprendizagem dos soldados norte-coreanos
Shea alega que a Coreia do Norte “está a beneficiar significativamente ao receber equipamento militar, tecnologia e experiência russos”.
E deixa um alerta: Pyongyang está a “tornar-se mais capaz de travar guerra contra os seus vizinhos”.
Com os combates no terreno contra a Ucrânia, os soldados norte-coreanos estão a aprender e a melhorar táticas militares com os russos, ganhando novas competências e por sua vez aumentando a ameaça regional, diz Shea.
Desta forma - recorrendo ao nome formal da Coreia do Norte, República Popular Democrática da Coreia -, a vice-embaixadora norte-americana acrescenta que “a RPDC, provavelmente, estará ansiosa para alavancar essas melhorias para promover vendas de armas e contratos de treino militar globalmente”.
"Melhorar as capacidades de defesa"
Como reação às alegações norte-americanas, o embaixador da Coreia do Norte na ONU, Kim Song, argumentou que o ensaio do míssil de segunda-feira se enquadra “num plano para melhorar as capacidades de defesa do país”.
E avançou com acusações dirigidas a Washington por usarem dois pesos e duas medidas.
“Quando o número de civis mortos ultrapassou 45 mil em Gaza, os Estados Unidos embelezaram a nefasta atrocidade de assassinato em massa de Israel como o direito à autodefesa. E agora os mesmos EUA questionam o exercício legítimo do direito à autodefesa da RPDC”, sublinhou Song, perante o Conselho de Segurança.
"Difamar a cooperação bilateral"
Já o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, reiterou a acusação de longa data de que os EUA, a Coreia do Sul e o Japão provocam a Coreia do Norte com exercícios militares.
Referindo-se à informação veiculada pelos EUA de que a Rússia pretende “partilhar tecnologias de satélites e espaciais” com Pyongyang, Nebenzia rejeitou tais as alegações afirmando que eram “totalmente infundadas”.
“Tais declarações são o exemplo mais recente de conjeturas infundadas que visam difamar a cooperação bilateral entre a Federação Russa e a nação amiga da RPDC”, assentou Nebenzia.
"Escravos de Kim Jong-un"
Durante a intervenção do embaixador da Coreia do Sul na ONU, Joonkook Hwang, foi descrito como os militares são tratados no regime de Pyongyang.
Os soldados da Coreia do Norte são "essencialmente escravos de Kim Jong-un, submetidos a uma lavagem cerebral para sacrificar as suas vidas em campos de batalha distantes para arrecadar dinheiro para o seu regime e garantir tecnologia militar avançada da Rússia", rematou Hwang.
A Coreia do Norte tem um dos maiores exércitos do mundo, com 1,28 milhão de soldados ativos, mas, ao contrário da Rússia, o Exército Popular Coreano não tem experiência recente de combate.
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