Após votação no Conselho de Segurança. Blinken em Israel para discutir cessar-fogo em Gaza
O secretário de Estado norte-americano está esta terça-feira em Israel, no âmbito de uma nova digressão pelo Médio Oriente destinada a defender o plano de cessar-fogo para a Faixa de Gaza, entretanto aprovado na forma de uma resolução pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Depois de uma escala no Egito, onde apelou aos países da região para “pressionarem o Hamas” a aceitar um cessar-fogo, Antony Blinken encontrou-se com Benjamin Netanyahu durante cerca de duas horas em Jerusalém, na segunda-feira, para discutir o plano de um cessar-fogo em Gaza.
“Acredito firmemente que a esmagadora maioria” de israelitas e palestinianos “quer acreditar num futuro” em que os dois povos “vivam em paz e segurança”, afirmou.
Blinken sublinhou que “a proposta em cima da mesa abriria caminho à calma ao longo da fronteira norte de Israel” com o Líbano e a uma “integração mais profunda” de Israel “com os países da região”, segundo o Departamento de Estado.
Blinken sublinhou que “a proposta em cima da mesa abriria caminho à calma ao longo da fronteira norte de Israel” com o Líbano e a uma “integração mais profunda” de Israel “com os países da região”, segundo o Departamento de Estado.
O secretário de Estado norte-americano vai ainda encontrar-se esta terça-feira, em Telavive, com Benny Gantz, o antigo chefe do exército que abandonou o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu no domingo, bem como com o líder da oposição Yair Lapid.
Este oitavo périplo regional do secretário de Estado desde o início da guerra nos territórios palestinianos surge depois de o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado, na segunda-feira, um projeto de resolução norte-americano que apoia o plano de cessar-fogo entre Israel e o Hamas.
O texto, que “saúda” a proposta de trégua anunciada a 31 de maio pelo presidente norte-americano Joe Biden, recebeu 14 votos a favor, com a abstenção da Rússia.
Hamas e Autoridade Palestiniana congratulam-se com resolução da ONU
Em comunicado, o Hamas “congratulou-se” com a resolução do Conselho de Segurança, sublinhando que “deseja reafirmar a sua vontade de cooperar com os irmãos mediadores para iniciar negociações indiretas sobre a aplicação destes princípios”.
O movimento islamita refere-se assim às suas exigências de um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza e de uma retirada total das forças israelitas do território.
Numa declaração, o Hamas afirmou que estava pronto para cooperar com os mediadores na implementação dos princípios do plano.
O plano aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU está dividido em três fases. A primeira prevê a toca de um primeiro grupo de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos e um cessar-fogo a curto prazo. A segunda propõe “um fim permanente das hostilidades”, a libertação dos últimos reféns por prisioneiros e a retirada total das forças militares israelitas da Faixa de Gaza, segundo o texto da resolução. A terceira inclui um plano de reconstrução da Faixa de Gaza para vários anos.
"O Hamas saúda o que está incluído na resolução do Conselho de Segurança que pede o cessar-fogo permanente em Gaza, a retirada completa das tropas israelitas, a troca de prisioneiros, a reconstrução, o retorno dos deslocados às suas áreas de residência, a rejeição de qualquer mudança demográfica ou redução na área da Faixa de Gaza e a entrega da ajuda necessária ao nosso povo na Faixa”, afirmou o movimento radical palestiniano em comunicado.
O Hamas afirmou também estar disposto a iniciar negociações indiretas sobre a implementação dos princípios “que sejam consistentes com as exigências do nosso povo e da nossa resistência”.
O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, que se encontra na Cisjordânia, mas que deverá desempenhar um papel na situação pós-guerra em Gaza, descreveu a votação do Conselho de Segurança como um “passo na direção certa”.
“A presidência palestiniana considera a adoção desta resolução como um passo na boa direção para terminar com a guerra genocida em curso contra o nosso povo na Faixa de Gaza”, indicou o gabinete de Abbas num comunicado em árabe difundido pela agência noticiosa oficial palestiniana Wafa.
Já a Jihad Islâmica afirmou esta terça-feira que encara “positivamente” o que a resolução inclui, “especialmente em termos de abrir a porta para alcançar uma cessação abrangente da agressão e uma retirada completa das forças israelitas” da Faixa de Gaza.
Cimeira na Jordânia para angariar fundos
A Jordânia organiza esta terça-feira uma conferência internacional para angariar fundos para a ajuda humanitária aos palestinianos da Faixa de Gaza, devastada por oito meses de guerra.
Desencadeado pelo ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro, o conflito entre Israel e o movimento islamita provocou uma grave crise humanitária no território palestiniano.
Antony Blinken deverá participar nesta conferência, organizada conjuntamente pelas Nações Unidas, pela Jordânia e pelo Egito.
Mahmud Abbas e outros dirigentes são igualmente esperados, bem como o responsável pelos assuntos humanitários da ONU, Martin Griffiths, e dirigentes de organizações não-governamentais.
Uma grande parte da Faixa de Gaza foi reduzida a escombros e a maioria dos seus 2,4 milhões de habitantes foram deslocados devido aos combates.
Há vários meses que a ONU tem vindo a alertar para o facto de a fome estar a ameaçar Gaza.
Num relatório recente, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Programa Alimentar Mundial (PAM) denunciaram “o impacto devastador do conflito em curso, as graves restrições de acesso e o colapso dos sistemas alimentares locais”.
A ajuda humanitária tem chegado ao território a conta-gotas, sobretudo desde que o exército israelita lançou uma operação terrestre na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, no início de maio, e se apoderou do lado palestiniano do ponto de passagem com o Egito, por onde passava a maior parte da ajuda.
A cimeira, que se realiza nas margens do Mar Vermelho, tem como objetivo reunir dirigentes e responsáveis pela ajuda humanitária para “identificar formas de melhorar a resposta da comunidade internacional à catástrofe humanitária na Faixa de Gaza”, segundo o Palácio Real da Jordânia.
O Ministério jordano dos Negócios Estrangeiros afirmou que a conferência procurará obter “compromissos para uma resposta coletiva e coordenada para enfrentar a situação humanitária em Gaza”.
“O principal objetivo desta cimeira é chegar a um consenso sobre medidas práticas para responder às necessidades imediatas no terreno”, acrescentou o ministério.
O ataque levado a cabo a 7 de outubro por comandos do Hamas infiltrados no sul de Israel a partir do território palestiniano causou a morte de 194 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas.
Durante o ataque, 251 pessoas foram feitas reféns. 116 reféns continuam detidos em Gaza, 41 dos quais estão mortos, segundo o exército israelita.
Ataques prosseguem
Durante a última noite, os ataques israelitas prosseguiram em toda a Faixa de Gaza, com fontes hospitalares a relatarem mortes de palestinianos no centro do território, onde os bombardeamentos se concentram há uma semana.
Na Cisjordânia, quatro palestinianos, um dos quais suspeito de ter cometido um atentado, foram mortos ao fim da tarde de segunda-feira pelo exército israelita perto de Ramallah, numa nova ronda de tensões locais à margem da guerra em Gaza.
No Líbano, cinco pessoas foram mortas antes da meia-noite de segunda-feira, incluindo três sírios que trabalhavam com o Hezbollah, em ataques israelitas que visavam um comboio de camiões-cisterna que entravam no país vindos da vizinha Síria, segundo uma ONG e uma fonte militar.
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