Um dia depois da moção de censura parlamentar ao executivo na Assembleia Nacional, o presidente francês assegurou que não irá apresentar a demissão e que pretende cumprir o mandato até 2027. Na comunicação aos franceses desta quinta-feira, Emmanuel Macron prometeu nomear um novo primeiro-ministro "nos próximos dias" e acusou a extrema-esquerda e a extrema-direita de se unirem para formar uma "frente anti-republicana".
Numa declaração ao país 24 horas após a votação de uma moção de censura contra o Governo de Michel Barnier, Emmanuel Macron falou aos franceses esta quinta-feira para asseverar que não irá abandonar o cargo antes do fim do mandato e que ainda tem 30 meses de governação pela frente.
“O mandato que me confiaram democraticamente é um mandato de cinco anos, vou exercê-lo plenamente até ao fim”, vincou o presidente francês.
Macron reconheceu hoje que a decisão de dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas, em junho último, "não foi compreendida" pelos franceses. Na quarta-feira, uma moção de censura aprovada por 331 deputados ditou o fim do Governo de Michel Barnier, nomeado há apenas três meses. Foi o executivo mais curto da história da V República.
Vários partidos e figuras políticas têm culpado o presidente francês por esta crise política e exigem a demissão do chefe de Estado.Macron reconheceu hoje que a decisão de dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas, em junho último, "não foi compreendida" pelos franceses. Na quarta-feira, uma moção de censura aprovada por 331 deputados ditou o fim do Governo de Michel Barnier, nomeado há apenas três meses. Foi o executivo mais curto da história da V República.
“Muitos culparam-me por esta decisão e eu sei, muitos continuam a culpar-me. É um facto e é minha responsabilidade", assumiu o presidente francês.
Mas Macron não chama a si a responsabilidade pela crise política agora criada, atirando culpas para a oposição, à esquerda e à direita.
"Os partidos escolheram o caos, a única agenda que une as esquerdas e direita radicais", declarou Macron acusando os dois blocos de se juntarem "numa frente anti-republicana", interessada apenas em precipitar eleições presidenciais antecipadas.
Foco no orçamento
O presidente francês prometeu, nesta declaração televisiva com cerca de dez minutos, a nomeação de um primeiro-ministro "nos próximos dias", a quem irá pedir "um Governo de interesse nacional".
Até lá, Macron garante que será apresentada uma lei orçamental no Parlamento ainda durante o mês de dezembro de forma a assegurar "a continuidade dos serviços públicos e da vida do país", uma vez que o Orçamento para 2025 ainda não foi aprovado.
O chefe de Estado terá presente as preocupações e avisos quanto à situação económica e financeira em França, que tem nesta altura um défice orçamental de 6,1 por cento do PIB. Citada pela France Presse, a agência Moody’s já alertou que a queda do Governo “reduz a probabilidade de consolidação” das finanças públicas.
Na reação imediata às palavras de Macron, Marine Le Pen respondeu às acusações do chefe de Estado. "Um pequeno lembrete para o presidente Macron, que é supostamente o garante da Constituição: a censura não é anti-republicana, está prevista na Constituição da nossa Quinta República", sublinhou.
Por sua vez, Jean-Luc Mélenchon considerou que Emmanuel Macron foi o responsável pela crise política em França, a "causa do problema", e “desaparecerá por força dos acontecimentos”. Em declarações à TF1, o líder da França Insubmissa acusa o chefe de Estado de "não ouvir ninguém".
Uma nomeação ainda mais difícil?
O primeiro-ministro Michel Barnier chegou ao poder a 5 de setembro, após várias semanas de impasse, isto depois da inesperada decisão de Macron em convocar eleições legislativas antecipadas na sequência da vitória da extrema-direita nas eleições europeias, em junho.
O escrutínio, que teve a segunda volta em 7 de julho, resultou numa Assembleia Nacional fragmentada em que a coligação de esquerda Nova Frente Nacional saiu vencedora, mas não recolheu do Eliseu a aprovação das suas propostas para primeiro-ministro.
Foi o próprio presidente Macron que acabou por escolher Michel Barnier, um nome que acabaria por ser aprovado com a garantia de que a extrema-direita não faria cair o primeiro-ministro designado pelo chefe de Estado.
O escrutínio, que teve a segunda volta em 7 de julho, resultou numa Assembleia Nacional fragmentada em que a coligação de esquerda Nova Frente Nacional saiu vencedora, mas não recolheu do Eliseu a aprovação das suas propostas para primeiro-ministro.
Foi o próprio presidente Macron que acabou por escolher Michel Barnier, um nome que acabaria por ser aprovado com a garantia de que a extrema-direita não faria cair o primeiro-ministro designado pelo chefe de Estado.
Seis meses após o escrutínio e após a moção de censura, a escolha de um primeiro-ministro será agora tão ou ainda mais complicada. A França Insubmissa insiste que irá voltar a vetar qualquer proposta que não saia da esquerda. Por sua vez, Marine Le Pen já deixou novas promessas de que, desta vez, "deixará o futuro primeiro-ministro trabalhar" e prometeu contribuir para "co-construir um orçamento aceitável para todos".