Após polémica lei marcial. Aumenta lista de pessoas impedidas de sair da Coreia do Sul

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Jeon Heon-Kyun - EPA

As autoridades sul-coreanas impuseram, esta terça-feira, novas restrições, proibindo agentes policiais de saírem do país. A medida surge uma semana depois da tentativa falhada de imposição da lei marcial por parte do presidente, Yoon Suk Yeol. O partido no poder está a ponderar demitir Yoon em fevereiro, atirando o país para eleições antecipadas.

O comissário-geral da Agência Nacional de Polícia sul-coreana, Cho Ji-ho, e outros dois altos funcionários estão impedidos de sair da Coreia do Sul, informou a instituição à agência de notícias AFP.

Na segunda-feira, o presidente sul-coreano foi também proibido de viajar para o estrangeiro, sendo o primeiro presidente do país a ser proibido de sair do território, segundo o Ministério da Justiça. Os antigos ministros da Defesa e do Interior, o comandante da lei marcial e o chefe da contra-espionagem também estão obrigados a permanecer na Coreia do Sul.

As medidas surgem uma semana depois de Yoon Suk Yeol ter declarado lei marcial devido ao que apelidou de "forças anti-Estado" simpatizantes da Coreia do Norte. O anúncio gerou um descontentamento generalizado e a ordem acabou por ser revogada seis horas depois.

A declaração da lei marcial desencadeou uma crise política e o gabinete presidencial da Coreia do Sul diz não ter “nenhuma posição oficial a oferecer” quando questionado sobre quem está no comando do país.

Na segunda-feira, o Ministério da Defesa esclareceu que Yoon continua a ser legalmente o chefe das forças armadas do país, mas vincou que a crescente dissidência entre os oficiais superiores e o presidente pôs em causa o seu poder.
Partido no poder avalia demissão de Yoon
Yoon pediu desculpa pela declaração da lei marcial e prometeu deixar o seu destino ao Partido do Poder Popular (PPP), mas não se demitiu.

No sábado, Yoon foi submetido a uma moção de destituição determinada pela oposição, mas sobreviveu à votação graças aos deputados do seu partido, que boicotaram o processo.

Apesar de permanecer no cargo, Yoon delegou os seus poderes ao primeiro-ministro, Han Duck-soo, que está agora responsável por supervisionar o governo.

O partido no poder disse esta terça-feira que estava a elaborar um “guião” para a demissão de Yoon em fevereiro e iria realizar eleições antecipadas em abril ou maio.
O objetivo é evitar uma nova moção de destituição que a oposição pretende submeter a votação no próximo sábado.

"Ainda não chegámos a uma conclusão e teremos outra reunião com todos os nossos membros do parlamento para discutir este plano", disse Lee Yang-soo, que preside uma task-force do PPP lançada na segunda-feira para coordenar a eventual e "ordenada" saída de Yoon. A constituição da Coreia do Sul determina que se realizem eleições no prazo de 60 dias se Yoon deixar o cargo antes do seu mandato de cinco anos terminar, em maio de 2027.

Quando questionado sobre a proposta do PPP, o líder do principal partido da oposição, o Partido Democrata (DP), Lee Jae-myung, disse aos jornalistas que não tinha a certeza se o povo aceitaria a ideia de "manter um criminoso tão grave no cargo até então".

Um porta-voz do DP emitiu também um comunicado a rejeitar o plano como “absurdo”, alegando que o PPP não tem autoridade para elaborar qualquer guião para a saída de Yoon e a única opção viável é realizar um impeachment.

Yoon é alvo de uma investigação criminal, estando acusado de insurreição e abuso de poder.
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