Após libertação. Jornalistas iranianas sujeitas a novo processo por não usarem hijab

por Inês Moreira Santos - RTP
EPA

Elaheh Mohammadi e Niloufar Hamedi foram libertadas sob fiança no domingo, depois de 17 meses de prisão, mas já foram alvo de um novo processo por parte do Governo do Irão. As duas jornalistas que tinham sido detidas por cobrir a morte da iraniana Mahsa Amini, acontecimento que gerou meses de protestos no país, apareceram nos últimos dias em imagens sem o hijab.

As autoridades iranianas libertaram temporariamente as duas jornalistas sob uma fiança equivalente a 200 mil dólares e, de acordo com a imprensa iraniana, ficam em liberdade “até que o tribunal tome uma decisão”. Elaheh Mohammadi e Niloufar Hamedi, de 36 e 31 anos, foram condenadas a 12 anos de prisão e estão proibidas de viajar.

Segundo as agências noticiosas, a Procuradoria-Geral do Irão abriu um novo processo por terem aparecido nas redes sociais, nos últimos dias, de cabelos soltos e sem usar o véu islâmico.

Quando saíram em liberdade, amigos e familiares das duas mulheres partilharam fotografias de ambas a sorrir e de mãos dadas, em comemoração. Como o uso do hijab é obrigatório, as autoridades abriram um novo processo após a divulgação dessas imagens.

Recorde-se que as jornalistas foram presas após em 2022 terem divulgado a história da morte de Mahsa Amini. Em 2023 foram acusadas pelas autoridades de Teerão de colaborarem com o Governo norte-americano, de fazerem propaganda e de conspirarem contra o regime.

Hamedi foi presa menos de uma semana após a morte de Amini, quando foi ao hospital onde a jovem iraniana estava a ser tratada e divulgou uma fotografia da família enlutada nas redes sociais. Já Mohammadi foi detida depois de ter ido à cidade natal de Amini, Saqez, na província iraniana ocidental do Curdistão, para cobrir o funeral, que se transformou numa manifestação antirregime.

Em agosto, a comunicação social iraniana informou que as autoridades interrogaram ou prenderam mais de 90 jornalistas, desde que eclodiram os protestos desencadeados pela morte de Amini em diferentes cidades em todo o país.
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