Após incidentes com adeptos de futebol. Ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel vai a Amesterdão

por RTP
VLN Nieuws via EPA

O novo ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, vai deslocar-se em breve a Amesterdão para uma “visita diplomática urgente”, na sequência dos confrontos ocorridos à margem do jogo de futebol entre o Ajax e o Maccabi Telavive, na quinta-feira à noite.

À luz dos graves acontecimentos, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, partirá em breve para uma visita diplomática urgente aos Países Baixos”, declarou o ministério em comunicado.

Na rede social X, Gideon Saar, recém-nomeado, denunciou os “terríveis ataques terroristas bárbaros e antissemitas”, que “são um alerta retumbante para a Europa e o mundo inteiro”.
"Pogrom antissemita"Para o Presidente de Israel as agressões foram um "pogrom antissemita". “Esta manhã, vemos com horror as imagens e os vídeos chocantes que, desde 7 de outubro, esperávamos nunca mais ver: um pogrom antissemita que está a ter lugar contra os adeptos do Maccabi Telavive e os cidadãos israelitas no coração de Amesterdão”, escreveu Herzog no X.

"Espero que as autoridades dos Países Baixos atuem de imediato e tomem as medidas necessárias para proteger, localizar e resgatar todos os israelitas e judeus atacados", acrescentou o chefe de Estado de Israel.

O termo russo "pogrom" designa desde o século XIX a agressão e perseguição deliberada contra um grupo étnico, sobretudo judeus.
Telavive manda aviões para retirar cidadãos O primeiro avião destinado a repatriar cidadãos israelitas de Amesterdão, descolou do aeroporto Ben Gurion na sexta-feira, disse à AFP Liza Dvir, porta-voz das autoridades aeroportuárias israelitas.

O avião, o primeiro de vários voos de evacuação previstos, deverá chegar a Amesterdão ao início da tarde.

A ministra israelita dos Transportes, Miri Regev, pediu ao seu homólogo holandês, Barry Madlener, que garantisse “o transporte seguro dos passageiros dos hotéis para o aeroporto”.

Pediu também que o aeroporto Schipol de Amesterdão permaneça aberto durante a noite deste fim de semana e que sejam concedidas “todas as autorizações necessárias” aos aviões de evacuação israelitas.

O chefe do Executivo de Israel esteve, entretanto, em contacto telefónico com o primeiro-ministro dos Países Baixos, Dick Schoff a quem pediu garantias de segurança a todos os israelitas que se encontram no país.

Em comunicado, Benjamin Netanyahu agradeceu a Dick Schoff por ter classificado os incidentes nos Países Baixos como um "ato antissemita".
Israelitas feridos em Amesterdão Os incidentes de quinta-feira à noite nos Países Baixos provocaram ferimentos a cidadãos israelitas tendo a polícia local detido 62 pessoas.

Até agora, sabemos que várias pessoas foram levadas para o hospital e 62 pessoas foram detidas”, declarou a polícia de Amesterdão no X.
Segundo a polícia os adeptos deixaram o estádio sem incidentes após o jogo da Liga Europa, mas que os confrontos eclodiram durante a noite no centro da cidade.

O Maccabi perdeu por cinco a zero num jogo contra o Ajax a contar para a Liga Europa.

Na quinta-feira, a polícia tinha revelado na mesma rede social, estar “particularmente vigilante”, depois de ter relatado vários incidentes, incluindo uma bandeira palestiniana arrancada de uma fachada “por pessoas desconhecidas”.

Durante a tarde, cerca de uma centena de apoiantes israelitas reuniu-se na praça Dam - rodeados por forte presença policial - antes de se dirigir para o estádio Johan Cruyff, no sudoeste de Amesterdão.Uma manifestação pró-palestiniana, a condenar a visita do clube israelita, estava inicialmente prevista para as imediações do estádio, mas foi transferida pela câmara municipal de Amesterdão para uma localização mais afastada, por razões de segurança.

A presidente da Câmara de Amesterdão, Femke Halsema, afirmou que os apoiantes do Maccabi Telavive foram “atacados, maltratados e atacados com fogo de artifício” e que a polícia de choque teve de intervir várias vezes para os proteger e escoltar até aos hotéis.

O primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, afirmou estar “horrorizado com os ataques antissemitas contra cidadãos israelitas”, que considerou “completamente inaceitáveis”.

Schoof, que lidera um governo de coligação de direita assegurou a Netanyahu, por telefone, que “os autores dos ataques serão identificados e julgados”, revelou numa declaração publicada na rede social X.

Os incidentes antissemitas nos Países Baixos aumentaram desde que Israel lançou a sua ofensiva contra Gaza, na sequência dos ataques do grupo palestiniano Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, com muitas organizações e escolas judaicas a denunciarem ameaças e correio de ódio. Já o político antimuçulmano Geert Wilders, líder do maior partido do governo holandês, disse estar “envergonhado pelo facto de isto poder acontecer nos Países Baixos”.

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou estar “indignada” com os “ataques desprezíveis.

“Condeno veementemente estes atos inaceitáveis. O antissemitismo não tem absolutamente lugar na Europa. E estamos determinados a combater todas as formas de ódio”, reagiu o chefe do executivo europeu na rede social X.

A ONU também já reagiu e segundo o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a organização está “muito perturbada” com os confrontos em Amesterdão.

“Tomámos conhecimento desta informação muito preocupante. Ninguém deve ser sujeito a discriminação ou violência com base na sua origem nacional, religiosa, étnica ou outra”, afirmou Jeremy Laurence, quando questionado sobre os actos de violência durante uma conferência de imprensa regular da ONU em Genebra.

Paris já revelou que o jogo de futebol entre a França e Israel, marcado para 14 de novembro no Stade de France, não será transferido.

“Algumas pessoas estão a pedir que o jogo França-Israel seja transferido. Não aceito isso: a França não recua porque isso equivaleria a abdicar perante as ameaças de violência e antissemitismo”, afirmou o ministro do Interior francês, Bruno Retailleau.

“A meu pedido, o prefeito da polícia (de Paris) Laurent Nunez está a tomar as medidas de segurança necessárias para que este jogo se realize no Stade de France, como habitualmente”, acrescentou.
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