Apoiantes de Bolsonaro querem fim da "cartilha gay" sem ameaçar homossexuais

por Lusa

São Paulo, Brasil, 29 out (Lusa) - Apoiantes de Jair Messias Bolsonaro, eleito Presidente do Brasil no domingo disseram à agência Lusa defender o fim da ideologia de género nas escolas e da `cartilha gay`, mas negaram que a comunidade LGBT esteja ameaçada.

As ameaças à comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros) foram uma das marcas das presidenciais do Brasil em 2018, com Bolsonaro a ser acusado de adotar posturas homofóbicas ao longo de sua carreira política.

De resto, durante as eleições a comunidade LGBT relatou nas redes sociais ter sido alvo de violência ou de ameaças proferidas por pessoas que se identificaram como apoiantes de Bolsonaro.

Gerson Moreno de 51 anos, técnico de eletricidade, mostrou-se convicto de que o novo Presidente irá defender a família brasileira, impedindo que crianças tenham aulas sobre sexualidade, mas que isso não influenciará a vida privada das pessoas.

"Esse negócio de `cartilha gay` nas escolas não pode existir. Ninguém é contra ninguém, cada um faz o que quiser, mas não quereremos que [os professores] ensinem sexualidade nas escolas. (...) Acho que na vida privada das pessoas o Bolsonaro não deve e não irá interferir", disse.

Gabriel Henrique Ramalho, estudante de 23 anos, defendeu que as questões morais levantadas pelo candidato de extrema-direita na sua campanha foram importantes porque é preciso tirar do Estado e das escolas o debate sobre temas privados e a doutrinação ideológica.

"Valores morais que são ensinados nas escolas devem parar. Nas escolas deve ser ensinada apenas as matérias curriculares como geografia, português e matemática. Não pode haver doutrinação nas escolas ou nas universidades", afirmou.

"O plano do Bolsonaro é acabar com a doutrinação para que o aluno se torne um profissional e não um militante (...) O Bolsonaro não quer que ninguém tenha privilégios, todos somos iguais perante a lei. Não é porque o cidadão escolhe ser homossexual que ele deve ter privilégios. Claro que não deve ter nenhum preconceito ou discriminação. O Bolsonaro quer acabar apenas com a vitimação. Ele não é homofóbico ou machista", acrescentou.

Já o jornalista André Gabriel Guedes Ferreira, de 25 anos, justificou que estes temas definiram o seu apoio a Bolsonaro, principalmente porque o candidato eleito atendeu os anseios da família cristã.

"Creio que a família é a célula mãe da sociedade. A partir do momento em que você quebra esta célula acaba corrompendo uma sociedade inteira, a sociedade que foi fundada desde os primórdios do nosso Brasil Império, que é a família [formada] por pai, mãe e filhos. Tirando esta Governo esquerdista que tínhamos até agora, [teremos] a volta desta tradição e isto será muito importante", frisou.

Questionando a acusação dos membros da comunidade LGBT de que Bolsonaro apoia a homofobia, o jornalista argumentou que isso foi um equívoco causado pela falta de polidez do agora eleito Presidente, que acabou por ser mal interpretada.

"O que faltava no Bolsonaro, e que ele melhorou muito, era a polidez. Ele falava e, às vezes, assustava as pessoas. As pessoas acabaram interpretando suas palavras de uma maneira errada. Temos muita manipulação nos `media`. Quando você assiste as entrevistas [do Bolsonaro] na íntegra percebe que ele não disse o que foi passado para o público", avaliou.

"Bolsonaro não é homofóbico. Ele não vai influenciar a opção sexual das pessoas. A pessoa terá liberdade para fazer sua escolha. O que ele defende é que as crianças nas escolas não aprendam sobre sexualidade. Ele quer resguardar as crianças para que elas, no futuro, quando estiverem mais velhas, possam escolher sua opção sexual", concluiu.

No domingo, o candidato da direita Jair Messias Bolsonaro (PSL) foi eleito 38.º Presidente da República Federativa do Brasil com 57.765.131 votos (55,15%), enquanto o seu adversário Fernando Haddad (PT, esquerda), conquistou nesta segunda volta 46.969.763 votos (44,85%).

O novo Presidente brasileiro tomará posse a 01 de janeiro de 2019, para cumprir um mandato que terminará a 31 de dezembro de 2022.

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