Madrid, 17 abr (Lusa) -- O alto comissário da ONU para os refugiados, Antonio Guterres, manifestou-se hoje preocupado com a situação de guineenses em fuga para o interior da Guiné-Bissau, mas também a esperança que a paz, a segurança e a normalidade voltem ao país.
Questionado pela Lusa em Madrid sobre a situação na Guiné-Bissau, António Guterres escusou-se a fazer comentários sobre a situação política, manifestando-se preocupado pelo impacto que a situação possa ter nos habitantes guineenses.
"Os problemas dos deslocados internamente são particularmente preocupantes porque, ao contrário dos refugiados - que cruzam fronteiras e são protegidos pela lei internacional, pelos Estados e pela atividade do próprio ACNUR -, quando estão dentro de um país estão sob responsabilidade do seu próprio Estado e Governo", disse.
"Em situações confusas, a proteção é mais difícil e por isso temos especial preocupação com as condições de vida e de segurança interna dos deslocados. Espero que a situação se estabilize rapidamente, para evitar que sofram consequências dramáticas e não venha a ser necessário que os guineenses tenham que sair do país", afirmou
António Guterres, que se reuniu na segunda-feira com o chefe da diplomacia espanhola, José Manuel García-Margallo, disse esperar que exista, "com o envolvimento da comunidade internacional" as "condições para restabelecer a paz e segurança no país".
A Guiné-Bissau está controlada desde quinta-feira por um Comando Militar, que desencadeou um golpe de Estado na véspera da campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais, disputadas pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e Kumba Ialá, que no entanto se recusa a participar na votação.
Desde quinta-feira que é desconhecido o paradeiro de Carlos Gomes Júnior e do Presidente interino, Raimundo Pereira.
Um Conselho Nacional de Transição foi criado no domingo pelos partidos de oposição, numa reunião em que o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder), não participou.
O golpe de Estado na Guiné-Bissau mereceu ampla condenação internacional, incluindo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que, após uma reunião de ministros no sábado em Lisboa, decidiu propor uma força de interposição com aval da ONU e sanções individualizadas contra os golpistas.