António Costa em Kiev no primeiro dia na presidência do Conselho Europeu

por RTP
Rede social X: @eucopresident - António Costa

O presidente do Conselho Europeu visitou este domingo a Praça da Independência de Kiev, 11 anos após a onda de protestos para pedir a adesão da Ucrânia à União Europeia, salientando a coragem do povo ucraniano e o "futuro comum".

O novo presidente do Conselho Europeu, António Costa, chegou este domingo a Kiev para passar o primeiro dia do seu mandato, acompanhado pela chefe da diplomacia da União Europeia, para garantir apoio à Ucrânia face à invasão russa.

Costa destacou a coragem de povo ucraniano e promete "futuro comum" na União Europeia.
"Este monumento (na Praça da Independência) é uma clara prova de que, quando falamos da guerra, não estamos apenas a falar de armas, mas acima de tudo de pessoas, de famílias, de pessoas que morreram, que sofreram a lutar pelo seu país e pelo direito a ter uma paz justa e duradoura", disse António Costa, dirigindo-se a responsáveis da sociedade civil de associações que apoiam veteranos da guerra da Ucrânia, com quem se encontrou nesta que é a principal praça de Kiev.

No dia em que chega à capital ucraniana, o antigo primeiro-ministro português sublinhou: "O trabalho da vice-presidente da Comissão Europeia e da comissária europeia do Alargamento vai assegurar para a Ucrânia e para o povo ucraniano um futuro comum na nossa União Europeia (UE)".

"Presto tributo e é muito duro ver tantas pessoas jovens como veteranos", adiantou.

À chegada a Kiev, nas redes sociais, o presidente do Conselho Europeu escreveu que "desde o primeiro dia da guerra, a União Europeia esteve ao lado da Ucrânia".

E "reafirma apoio inabalável ao povo ucraniano".

Cerca das 08h00 (hora local, menos duas em Lisboa), António Costa chegou a Kiev, numa comitiva composta pela Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, e a comissária europeia do Alargamento, Marta Kos, que também iniciam este domingo funções no executivo comunitário.

"Neste nosso primeiro dia em funções, eu, a Alta Representante e a comissária responsável pelo Alargamento deslocamo-nos a Kiev para transmitir uma mensagem clara de que defendemos a Ucrânia e continuamos a dar todo a nossa ajuda total à Ucrânia - apoio humanitário, financeiro, militar e diplomático -, como temos vindo a fazer desde o primeiro dia desta guerra de agressão (russa)", disse António Costa em declarações à comitiva de jornalistas, incluindo a Lusa, no comboio noturno antes da chegada à capital ucraniana.

"Vamos falar do presente da guerra, mas também sobre o futuro comum europeu, do alargamento da UE, que inclua a integração da Ucrânia na UE", acrescentou o antigo primeiro-ministro português.

Na rede social X, a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, escreveu que a “mensagem é clara: a União Europeia quer que a Ucrânia vença esta guerra.”

"Faremos tudo o que for preciso para o conseguir", acrescentou.

Em declarações ao pequeno grupo de jornalistas que acompanham a deslocação, incluindo a Lusa, Kaja Kallas afirmou que começar o mandato em Kiev, neste "espírito de equipa europeia", dá "um sinal importante de que a Ucrânia é um tema para a Europa".

"É uma boa mensagem (...) de que estamos a fazer coisas em conjunto", assinalou.

Destacando que a situação no campo de batalha "é muito grave", Kaja Kallas defendeu que a UE deve "mostrar que a Europa está" com a Ucrânia e dar "esperança" relativamente à adesão ao bloco comunitário e à reconstrução do território.

Sobre António Costa, a chefe da diplomacia da UE disse ter tido já "reuniões muito boas" e vincou estar "muito otimista" em cooperar com o responsável português neste novo ciclo institucional da UE.

A deslocação de alto nível acontece após dias de intensos ataques russos contra infraestruturas energéticas críticas da Ucrânia e no arranque da estação fria no país, que se teme que seja crítica, razão pela qual a UE já mobilizou ajuda, além do apoio (político, humanitário, militar e financeiro) disponibilizado ao país desde a invasão russa em fevereiro de 2022.

Surge também dias depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter afirmado que está preparado para terminar a guerra na Ucrânia em troca da adesão à NATO (das partes não-ocupadas do país), mesmo que a Rússia não devolva imediatamente os territórios apreendidos.

O antigo primeiro-ministro, António Costa, inicia como presidente do Conselho Europeu, num mandato que se estende até 31 de maio de 2027 e no qual pretende tornar a instituição mais eficaz e promover a unidade europeia.

A primeira Cimeira Europeia de António Costa está marcada para 19 de dezembro.

Este é o primeiro português e o primeiro socialista à frente da instituição.

António Costa, que fez parte do Conselho Europeu em representação de Portugal durante oito anos (período em que foi primeiro-ministro), conhece já alguns dos líderes da UE, mas pretende, no seu mandato de dois anos e meio, encontrar pontos de convergência para compromissos entre os 27.

Sucede no cargo ao belga Charles Michel, que esteve em funções entre 2019 e até este sábado, num período marcado por crises como a invasão russa da Ucrânia.

c/Lusa
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