Elizabeth Truss, uma destacada candidata à liderança do Partido Conservador e à chefia do Governo britânico, incendiou os ânimos, ao afirmar que a função pública do país se encontra impregnada de preconceitos "antisemitas".
O discurso, pronunciado em cerimónia realizada na Sinagoga de Manchester, prometia "erradicar o flagelo do antisemitismo" e, para isso, "mudar a cultura" que considera enraizada na função pública e impregnada de preconceitos "antisemitas".
Aparentemente, Truss referia-se ao apoio que funcionários públicos têm manifestado, na esfera privada, ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), contra o regime de apartheid que esse movimento censura a Israel.
O dirigente sindical Dave Penman reagiu imediatamente, acusando Truss de lançar acusações generalizadas e sem fundamento contra os funcionários públicos.
My response to Liz Truss’s unfounded accusations of antisemitism against the civil service. pic.twitter.com/hKbIY7JJac
— Dave Penman (@FDAGenSec) August 12, 2022
Penman fez notar, além disso, que Truss tem, de longa data, exercido funções ministeriais, sendo portanto, ela própria, uma funcionária pública e uma alta responsável pela "cultura" que vigora na função pública.
Por outro lado, na mesma ocasião, Truss afirmara também: "Há tantos valores judaicos que são valores conservadores e também valores britânicos, por exemplo entender a importância da família e de dar passos para proteger a unidade da família, o valor do trabalho árduo e de cada qual saber iniciar e pôr de pé o seu próprio negócio".
A ironia do incidente quis que, ao acusar a generalidade dos funcionários públicos de preconceitos antisemitas, se tenha colocado a si mesma no pelourinho, por reproduzir o estereótipo do judeu como figura obcecada apenas pelos negócios.