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Antigos guerrilheiros guineenses pedem que os libertem agora de uma pensão de 60 euros

por Lusa

Antigo guerrilheiro, Aruna Baldé desfilou hoje na cerimónia dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau, ao lado de um cartaz a pedir que os antigos combatentes sejam agora libertados da parca pensão de menos de 60 euros que recebem.

Os Combatentes da Liberdade da Pátria - Obreiros da Independência abriram o desfile popular que se seguiu ao discurso do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, percorrendo a vasta avenida Amílcar Cabral, depois de horas de espera ao sol, parando em frente ao palanque onde se encontravam sentadas as patentes militares, o presidente da Assembleia Nacional Popular e os membros do Governo.

Aí, exibiram o cartaz onde inscreveram: "Combatentes da Liberdade da Pátria - Libertem-nos da pensão de 39.000 francos - Os Libertadores".

"39.000 francos [cerca de 60 euros], já viu", questionou Aruna Baldé, 76 anos, antigo combatente na zona leste da Guiné-Bissau, onde enfrentou as tropas portuguesas.

À pergunta da Lusa sobre se conheceu Salgueiro Maia, Aruna emocionou-se ao contar que, depois do 25 de Abril de 1974, procurou o capitão de Abril em Portugal, porque tinha "curiosidade de o conhecer".

"Foi um homem valente, muito corajoso. Com aquele regime não era qualquer homem" a fazer o que fez, sendo "o promotor do 25 de Abril", recordou, reconhecendo a admiração por Salgueiro Maia, apesar de ter estado do outro lado da trincheira.

Agora a viver em Bissau, Aruna, com uma arma de pau ao peito, saiu de Bafatá em 1968 para pegar em armas a sério e seguir o apelo de Amílcar Cabral, partindo para a frente leste, onde enfrentou as tropas portuguesas, "com muito sofrimento".

A Lusa encontrou-o com o seu grupo junto ao busto de Amílcar Cabral, ao fundo da avenida que leva o nome do herói da independência, para acompanhar, no desfile que marcou a celebração, os que, com a coragem com que combateram no passado, reivindicam agora uma pensão que lhes permita ter o mínimo para sobreviver e uma vida digna.

Com os abutres a sobrevoarem os céus de Bissau, o busto de Amílcar Cabral não "assistiu" aos festejos dos 50 anos da independência, celebrados fora de data -- Sissoco Embaló escolheu o Dia das Forças Armadas e não o 24 de setembro da proclamação unilateral da independência -, mantendo o olhar virado para o mar, que fica logo a seguir ao porto de Bissau.

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