Angola regista recessão de 0,7% este ano

por Lusa

O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou a previsão de crescimento para Angola, antecipando agora uma recessão de 0,7%, a sexta queda anual consecutiva da riqueza do país, que deverá crescer 2,4% em 2022.

De acordo com as Previsões Económicas Mundiais, hoje divulgadas no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem esta semana, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana vai registar o sexto ano consecutivo de recessão.

Angola tem enfrentado crescimentos negativos do Produto Interno Bruto desde 2016, na sequência da descida dos preços do petróleo, que afetou a receita do Estado, e do abrandamento da produção de petróleo devido à falta de investimento e ao declínio natural das reservas.

As novas previsões do FMI surgem poucos dias depois de o Governo de Luanda ter atualizado o cenário macroeconómico, no qual estimavam uma estagnação (crescimento zero) este ano, apesar de a ministra das Finanças, numa entrevista à Bloomberg na semana passada, ter admitido que a recessão era ainda uma possibilidade.

O ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, disse na quinta-feira passada que a redução da atividade petrolífera, a par dos efeitos da pandemia, foi um dos principais motivos dos crescimentos negativos dos últimos anos.

"Devido ao grande peso que o setor ainda tem na nossa economia, o crescimento negativo deste setor tem afetado negativamente o crescimento global do país", disse, lembrando que a estimativa do Governo aponta para um crescimento nulo este ano, depois de cinco anos de recessão, mas já com a economia não petrolífera a crescer significativamente.

"Para 2021, prevemos um crescimento global nulo, mas devemos realçar que para este ano a previsão de crescimento do setor não petrolífero é de 5,9%, enquanto o setor petrolífero deverá registar uma taxa de crescimento negativa em 11,6%", disse o governante, num discurso feito no seminário sobre a economia de Angola, promovido pelo Instituto Real de Estudos Internacionais do Reino Unido (Chatham House).

Para o próximo ano, o Governo prevê uma expansão económica de 2,4%, sustentada num crescimento do setor não petrolífero de 3,1%, "o que é de grande importância porque este é o setor que cria mais postos de trabalho e está em melhores condições de contribuir para o bem-estar dos angolanos", concluiu o responsável.

O FMI, no relatório, não explica as razões de ter revisto em baixa a previsão de crescimento para este ano, considerando apenas, nos quadros com as previsões, que a inflação em Angola vai crescer de 22,3% em 2020 para 24,4% este ano, antes de abrandar para 14,9% em 2022.

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