Vídeos partilhados por movimentos cívicos e ativistas angolanos registam vários incidentes e irregularidades em assembleias de voto, em todo o país.
O Movimento Cívico Mudei reporta, através da conta na rede social Twitter, a detenção de um ativista cívico na província do Zaire por estar a fotografar a ata síntese na sede do município do Cuimba, posteriormente libertado.
Na assembleia de voto 61, em Luanda, a presidente não quis tornar pública a ata síntese "e foi-se embora com a polícia sem publicar a ata", relata o movimento.
O Mudei denuncia ainda a não afixação de atas síntese em cinco assembleias de voto no Luau, província do Moxico, onde foi também detido um ativista cívico que estava a fotografar atas síntese.
Segundo o Mudei, o mesmo aconteceu no Uíje.
Um vídeo partilhado por Florindo Chivukute, diretor da organização Friends of Angola (Amigos de Angola), mostra ânimos exaltados numa assembleia de voto no Kilamba Kiaxi (Luanda), com gritos de "fraude", vendo-se uma urna transparente com os votos a ser retirada sob proteção policial.
"Carro civil está a levar os votos", gritam os populares.
Num outro vídeo, também no Kilamba Kiaxi, algumas dezenas de populares cantam o hino angolano e aplaudem "a hora é agora", o slogan da candidatura de Adalberto da Costa Júnior, líder da UNITA, na assembleia 1527, depois de um impasse na afixação da ata.
O portal VOA, página da rádio Voz da América, falou com um membro responsável da assembleia de voto da Avenida Lenine que disse ter tido ordem da CNE para não afixar a ata síntese.
"Estamos a ser muito pressionados pela CNE", confessou um membro da assembleia de voto, que pediu para não ser identificado por temer represálias.
Afirmações divergentes
A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) deu uma conferência de imprensa em que o número dois da lista, Abel Chivukuvuku, afirmou que os dados provisórios recolhidos das eleições de quarta-feira apontam para uma vitória do partido.
Instantes antes, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou dados diferentes, com um terço dos votos contabilizados que, segundo as autoridades, indiciam uma vitória do MPLA com 60,65% dos votos.