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Angola, Moçambique e Guiné-Bissau entre países com crises alimentares devido ao clima

por Lusa

Angola, Moçambique e Guiné-Bissau estão entre os países africanos onde os choques climáticos foram uma das causas de crises alimentares em 2017, segundo um relatório das Nações Unidas.

Esta é uma das principais conclusões da avaliação global sobre segurança alimentar e nutricional (SOFI 2018), elaborada por cinco agências da ONU, incluindo a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), hoje apresentada em Roma.

A avaliação é pessimista, realçando que os objetivos de erradicação da fome em 2030 estão em risco, face ao crescimento da situação de fome, que atingiu 821 milhões de pessoas em 2017, ou seja, um em cada nove habitantes do mundo.

O SOFI 2018 destaca que a segurança alimentar e a nutrição são tanto mais afetadas quanto maior for o grau de exposição e a vulnerabilidade dos países aos choques provocados pela variabilidade e extremos climáticos.

Os choques climáticos são uma das causas associadas às crises alimentares, em alguns casos agravadas por conflitos, sendo África, Ásia, América Latina e Caraíbas as regiões mais atingidas.

Entres os países africanos identificados no relatório incluem-se Angola (períodos de seca/baixa pluviosidade), Guiné-Bissau (início tardio das estações e inundações) e Moçambique (secas, inundações, tempestades ou outros choques climáticos).

Nos últimos 20 anos "não só a exposição a choques climáticos aumentou, em termos de frequência e intensidade, mas isto aconteceu também em países que já eram vulneráveis à insegurança alimentar e malnutrição", registando-se um acréscimo de choques climáticos em países onde a subnutrição, produção e rendimento das colheitas já eram vulneráveis aos extremos climáticos.

O número de países mais expostos a fenómenos extremos passou de 83% no período de 1996-2000 para 96% em 2011-2016.

Em termos de intensidade (diferentes fenómenos extremos num período de cinco anos), 36% dos países estiveram expostos a três ou quatro tipos de incidentes (calor extremo, seca, inundações ou tempestades) entre 2011-2016, o dobro do período anterior.

A ocorrência destes extremos climáticos aumentou 160% nos países africanos, passando de 10% em 1996-2000 para 25% ente 2011 e 2016.

Angola, Moçambique e Guiné-Bissau estão também na lista dos países afetados por várias formas de malnutrição incluindo crianças com desnutrição crónica (prevalência maior ou igual a 20%), anemia nas mulheres (prevalência maior ou igual a 40%) e obesidade em adultos (prevalência maior ou igual a 20).

Segundo o relatório das Nações Unidas, das 821 milhões de pessoas com fome registadas em 2017, cerca de 256 milhões viviam em África.

 

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