Os referendos sobre a adesão dos territórios ucranianos de Donetsk, Lugansk, Zaporizhia e Kherson à Federação russa, que decorrem desde 23 de setembro, terminam esta terça-feira. Kiev considera que os votos não são livres nem justos, além de serem ilegais à luz do Direito Internacional. Já Moscovo espera que o potencial anúncio de adesão destes territórios seja visto como uma "justificação para a operação especial".
Os parlamentos das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, reconhecidas pelo Kremlin a 21 de fevereiro passado, convocaram um referendo de integração na Rússia entre 23 e 27 de setembro, ao qual se juntaram as regiões de Kherson e Zaporizhia, parcialmente sob domínio russo. Quase quatro milhões de pessoas destes territórios estão a ser chamadas para comparecer às assembleias de voto, neste último de cinco dias de votação.
Serhiy Haidai, o governador exilado da região de Lugansk, acusou as autoridades separatistas de anotar os nomes das pessoas que votaram contra a adesão à Rússia ou que se recusaram a votar.
"Representantes das forças de ocupação estão a ir de apartamento em apartamento com as urnas", disse à agência Reuters. "Isto é uma votação secreta, certo?".
Segundo o governador exilado da região de Lugansk, os eleitores estão a
ser questionados sobre se "apoiam a adesão da sua república à Rússia
como um assunto federal".
O anúncio oficial de realização dessas consultas populares para anexação dos territórios ucranianos sob ocupação russa foi feito num discurso à nação proferido na quarta-feira pelo presidente russo, Vladimir Putin, juntamente com o da mobilização de 300 mil reservistas russos para combater na Ucrânia e de uma ameaça velada de utilização de armas nucleares contra o Ocidente.
O Kremlin espera, agora, que ao anunciar à população russa a adesão destes territórios consiga justificar e legitimar a “operação especial russa” na Ucrânia. Além disso, as autoridades russas esperam um apoio e maior aceitação, com a anexação destes territórios, à mobilização de reservistas para combater na Ucrânia.
O Kremlin espera, agora, que ao anunciar à população russa a adesão destes territórios consiga justificar e legitimar a “operação especial russa” na Ucrânia. Além disso, as autoridades russas esperam um apoio e maior aceitação, com a anexação destes territórios, à mobilização de reservistas para combater na Ucrânia.
Têm surgido críticas dos países ocidentais e organizações internacionais ao discurso de Putin, que classificaram como uma nova tentativa de escalada do conflito por parte do chefe de Estado russo. Se a Rússia anexar estas regiões, que representam cerca de 15 por cento do território da Ucrânia, a guerra poderá chegar a um nível novo e mais perigoso, com Moscovo a declarar que qualquer tentativa da Ucrânia para as recuperar é um ataque à sua soberania.
Os referendos decorreram por cinco dias para permitir que as urnas fossem "organizadas nas comunidades e de porta em porta por razões de segurança", segundo a agência de notícias estatal russa Tass.
c/ agências