A ex-eurodeputada reagiu à informação divulgada por um consórcio internacional de jornalismo de investigação e acusou, este domingo, algumas instituições portuguesas de serem "coniventes" com os esquemas alegadamente fraudulentos da empresária angolana.
Quem faz lista dos tugas cúmplices activos, incluindo advogados, além de escroques da LPM? Fora os q deviam ter agido e não agiram,os cúmplices passivos,em sucessivos governos,no @bancodeportugal,na @CMVM_pt e até na PGR/DCIAP???? https://t.co/EH5b1on4Ml
— Ana Gomes (@AnaMartinsGomes) January 19, 2020
Os Drs. Carlos Costa do @bancodeportugal e Teixeira dos Santos do @Eurobic já se demitiram? Estão à espera de quê???? https://t.co/OLhSoO8wox
— Ana Gomes (@AnaMartinsGomes) January 19, 2020
"É completamente imoral, a título pessoal ou no quadro de empresas, que portugueses colaborem" na transformação de Portugal numa "lavandaria da criminalidade que rouba Angola", acrescentou.
A informação divulgada este domingo pelo ICIJ identifca mais de 400 empresas a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.
Ana Gomes aponta como "cúmplices ativos" e "testas de ferro" da empresária angolana os advogados Mário Leite Silva e Jorge Brito Pereira.
Os processos sobre a compra da empresa portuguesa Efacec, transferências feitas para o Dubai por parte da Sonangol e a origem dos fundos para pagar a bancos de direito português relacionados com a joalharia suíça De Grisogno, adquirida com o marido, Sindika Dokolo, são algumas das acusações, assim como as alegadas transferências fraudulentas da Sonangol.
"Isabel dos Santos endivida-se muito porque, ao liquidar as dívidas, ‘lava’ que se farta! E (…) o Banco de Portugal não quer ver…", disse Ana Gomes, reagindo a uma entrevista da empresária à agência Lusa.
Isabel dos Santos endivida-se mto porque, ao liquidar as dívidas, “lava” q se farta! E bancos querem ser ressarcidos, só em teoria cumprem #AMLD, de facto não querem saber a origem do dinheiro...E @bancodeportugal não quer ver... #Angola #Portugal https://t.co/pgThpzeRvN
— Ana Gomes (@AnaMartinsGomes) October 14, 2019
Isabel dos Santos disse à Lusa, na altura, que trabalhava com vários bancos e que não tinha sido favorecida por ser filha do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.
"Tenho muitas dívidas, tenho muito financiamento por pagar, as taxas de juros são elevadas, nem sempre é fácil também ter essa sustentabilidade do negócio, para conseguir enfrentar toda a parte financeira dos negócios, mas também boas equipas e trabalhamos para isso", afirmou a empresária.
Em resposta às acusações de Ana Gomes, Isabel dos Santos, por considerar que tal ofendia o seu "bom nome, imagem, honra", tentou uma ação com Forma de processo Especial de Tutela de personalidade contra a ex-eurodeputada, apelando à eliminação das publicações online, assim como uma sanção pecuniária de cinco mil euros por cada dia de atraso no cumprimento dessa decisão.
No entanto, o Tribunal de Sintra rejeitou, esta sexta-feira, a ação cível. A decisão do Tribunal foi anunciada por Ana Gomes, através do Twitter, que esclareceu que o Tribunal de Sintra entende que ambas "são pessoas influentes da sociedade portuguesa" sendo "indubitavelmente" Isabel dos Santos pessoa sujeita ao escrutínio público "por ter investimentos avultados em diversas empresas portuguesas com importância crucial no setor financeiro, designadamente na banca".