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Amnistia Internacional. Crianças detidas no Irão submetidas a "chicotadas, choques elétricos e violência sexual"

por RTP
Lisi Niesner - Reuters

De acordo com a Amnistia Internacional, as autoridades iranianas têm cometido "horríveis atos de tortura" contra crianças com menos de 12 anos que participaram nos protestos dos últimos meses.

A investigação da organização internacional é publicada numa altura em que se assinalam os seis meses desde o início da onda de protestos no Irão na sequência da morte de Mahsa Amini às mãos das autoridades iranianas.

A Amnistia Internacional denuncia os métodos da Guarda Revolucionária, assim como o grupo paramilitar Basij e a polícia de segurança pública iraniana, assim como outras organizações afetas ao regime.

“Arrancaram crianças das suas famílias e submeteram-nas a crueldades inexplicáveis. É abominável que tenham exercido esse poder de forma criminosa sobre crianças vulneráveis e assustadas, (…) deixando-as com graves cicatrizes físicas e mentais”, denuncia Diana Eltahawy, vice-diretora regional da Amnistia Internacional para o Médio Oriente e Norte da África.

A violência contra os menores “expõe uma estratégia deliberada para esmagar o espírito vibrante da juventude do país e para os impedir que exijam liberdade e direitos humanos”, acrescentou a responsável.

A Amnistia Internacional tem por base os depoimentos de vítimas e das suas famílias, assim como de 19 testemunhas oculares: dois advogados e 17 adultos que estiveram detidos ao lado de crianças.

Pelo menos 22 mil pessoas foram detidas nos últimos meses de protesto no Irão. Não se sabe quantas crianças foram detidas, mas a própria imprensa estatal - tal como a imprensa internacional - noticiou a participação significativa de crianças nas manifestações.

A Amnistia Internacional conclui, com base nos testemunhos, que crianças foram detidas “como adultos” e foram levadas para centros de detenção de olhos vendados. Após dias ou mesmo semanas de detenções, as crianças eram transferidas para prisões.

Noutros casos, as crianças foram detidas aleatoriamente, antes ou depois dos protestos, levadas para locais remotos e não-oficiais, como armazéns, onde eram torturadas e mais tarde abandonadas. O objetivo destas ações, sublinha a Amnistia, seria punir e intimidar aqueles que participavam na contestação.

De acordo com a organização internacional, houve crianças detidas em conjunto com adultos que foram submetidas “aos mesmos padrões de tortura e outros maus-tratos”.

A maioria dos menores parece já ter sido libertada, em grande parte forçados a assinar cartas de “arrependimento” e a comprometerem-se a não participar em “atividades políticas”.

Apesar das ameaças de represálias, pelo menos duas famílias apresentaram queixa contra os atos de tortura, mas nenhuma das situações está investigada pelas autoridades. 
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