A organização não-governamental (ONG) Amnistia Internacional pediu hoje mais medidas de resposta às alterações climáticas em Espanha, alertando que as altas temperaturas são uma ameaça à saúde e à própria vida de parte da população.
"Em Espanha, as altas temperaturas e as ondas de calor provocadas pelas alterações climáticas estão a pôr em perigo a saúde e a vida de milhares de pessoas. A zona mediterrânica é a região que está a aquecer mais rapidamente", disse a organização de defesa dos Direitos Humanos, num comunicado.
A ONG sublinhou que as alterações climáticas são "a maior ameaça intergeracional ao Direitos Humanos da história" e apelou a medidas por parte do novo Governo espanhol que vier a ser formado na sequência das eleições de 23 de julho.
A Amnistia Internacional pediu, em concreto, uma redução de 55% das emissões poluentes em 2030 (a meta espanhola atual está nos 23%), a eliminação de todos os subsídios aos combustíveis fósseis e a introdução de medidas que garantam "a proteção da saúde dos grupos mais vulneráveis às ondas de calor".
Para a ONG, é ainda necessário aumentar o investimento no sistema de saúde espanhol e garantir que 25% do orçamento em saúde se destina aos cuidados primários, que respondem a 70% das necessidades de cuidados da população.
Espanha, como disse a organização no texto que divulgou, tem sido afetada por consecutivas ondas de calor e temperaturas elevadas.
No ano passado, entre maio e outubro, as temperaturas em várias zonas do país chegaram a ser oito graus centígrados (ºC) acima da média e, na mais recente onda de calor, a Agência Espanhola de Meteorologia (AEMET) registou temperaturas acima dos 40 graus em 140 locais num mesmo dia.
Em 2022, os fogos florestais queimaram mais de 300 mil hectares de território, três mais do que em 2021. Só entre janeiro e junho deste ano, ainda antes do verão, arderam mais de 66 mil hectares em Espanha, realçou a Amnistia.
Em paralelo, acrescentou a ONG, 4.813 mortes foram atribuídas a temperaturas extremas em Espanha entre junho e setembro de 2022, enquanto outras 20 mil mortes prematuras são atribuídas anualmente à poluição.
As temperaturas altas "afetam toda a população", mas os riscos aumentam dentro de alguns grupos, como idosos, grávidas ou profissionais que trabalham ao ar livre, sublinhou a ONG, que chamou ainda a atenção para "a pobreza energética" de parte da população espanhola e o deficiente isolamento das casas.
A Terra viveu este ano o verão mais quente jamais registado no Hemisfério Norte, com um agosto recorde a culminar uma estação de temperaturas brutais e mortíferas, anunciou hoje a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
O mês passado não foi apenas o agosto mais quente alguma vez registado pelos cientistas com equipamento moderno, foi também o segundo mês mais quente medido, apenas atrás de julho de 2023, anunciaram a OMM e o serviço climático europeu Copernicus.
Até ao momento, 2023 é o segundo ano mais quente de que há registo, atrás de 2016, segundo o Copernicus.