O político guineense Iancuba Indjai, que era próximo do líder independentista Amílcar Cabral morto há 50 anos, afirmou à Lusa que o "pai" da Guiné-Bissau era contra a divisão de cidadãos com base na etnia de cada um.
Em declarações à Lusa, para assinalar o 50.º aniversário do homicídio de Cabral, Iancuba Indjai afirmou que se o revoluncionário estivesse vivo seria contra a tentativa de "alguns políticos" de dividir os guineenses segundo as suas origens étnicas.
"Amílcar dizia-nos que ter uma raça, uma etnia, é bom, mas não é o fundamental. O fundamental é sermos cidadãos guineenses, que não têm vergonha de pertencer a uma determinada etnia. Mas "depois nós temos, dizia isso à nossa geração, de construir uma nação guineense e todos têm de sentir-se guineenses", afirmou Indjai.
A luta armada pela independência da Guiné e Cabo Verde ainda decorria, já Cabral falava sobre a necessidade da unidade dos povos, sobretudo na Guiné, conhecida por ser um território com mais de 30 grupos étnicos, salientou Iancuba Indjai, que foi estudar aviação na União Soviética por decisão do líder independentista.
De acordo com Indjai, Cabral exigia que nenhum guineense ou cabo-verdiano tivesse complexos das suas origens, mesmo estando perante estrangeiros.
"Esta era aquela parte, digamos, de maior desejo de Amílcar Cabral, nós sermos guineenses. Eu estou a falar de 1969, estou a falar de antes da proclamação do Estado da Guiné-Bissau", notou Iancuba Indjai.
De etnia Biafada, hoje com 66 anos, Iancuba Indjai é militante e dirigente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), fundado por Amílcar Cabral.