A NATO considera "perigoso e irresponsável" o plano de Vladimir Putin para a entrega de armas nucleares táticas à Bielorrússia. A intenção do presidente russo foi conhecida no sábado, numa altura em que as forças de Moscovo continuam a bombardear a linha da frente na cidade ucraniana de Avdiivka.
“Até agora, não vimos qualquer mudança na postura nuclear russa que nos leve a ajustar a nossa”, avançou, acrescentando que o líder russo “pisou a linha” ao comparar o seu plano para a Bielorrússia com a entrega de armas pelos Estados Unidos à Europa.
“A referência que a Rússia fez à partilha de armas nucleares da NATO é totalmente enganadora. Os aliados da Aliança Atlântica atuam com total respeito pelos seus compromissos internacionais”, frisou Lungescu em comunicado.A porta-voz da NATO sublinhou ainda que “a Rússia tem quebrado consistentemente os seus compromissos de controlo de armas”.
Em resposta, o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, afirmou esta segunda-feira que “os países da NATO fazem parte” do conflito na Ucrânia.
“Fizeram da Ucrânia um grande acampamento militar. Enviam armas e munições às tropas ucranianas, fornecem-lhes informações de inteligência”, disse em entrevista ao jornal russo Rossiyskaya Gazeta.
Já o presidente Putin afirmou, no domingo, que as potências ocidentais estão a construir um novo “eixo” semelhante à parceria entre a Alemanha e o Japão durante a II Guerra Mundial, negando ainda que a Rússia esteja a construir uma aliança militar com a China.
Bielorrússia “feita refém”
Do lado ucraniano, o chefe de segurança Oleksiy Danilov frisou que o plano russo de fornecimento de armas nucleares a Minsk vai desestabilizar a Bielorrússia e que esta foi “feita refém” pelo país vizinho.
Entre as vozes que se levantaram para condenar a ameaça nuclear russa estão a do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, que pediu à Bielorrússia que não aceitasse receber as armas e ameaçou com mais sanções.
Os Estados Unidos, por outro lado, desvalorizaram a intenção de Vladimir Putin. “Não vimos nada que indique que Putin esteja a preparar-se para usar armas nucleares táticas na Ucrânia”, disse no domingo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.
“E posso adiantar também que não há de momento nada que nos leve a mudar a nossa própria postura estratégica de dissuasão nuclear”, acrescentou.
Os estreitos laços militares entre Moscovo e Minsk têm sido reforçados desde o início da guerra, quando o presidente Aleksandr Lukashenko permitiu que o território bielorrusso fosse utilizado como ponto de partida para a invasão da Ucrânia.
Vários analistas políticos consideram significativa a recente ameaça russa de entrega de armas nucleares, já que o Kremlin se orgulhava de nunca ter implantado este tipo de armamento fora das fronteiras da Rússia.
“Um lugar saído de um filme pós-apocalíptico”
Enquanto decorre a troca de acusações entre Rússia e Ocidente, a mais recente atualização do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia aponta para dois ataques russos com mísseis, 23 ataques aéreos e 38 ataques de rockets contra militares ucranianos e infraestruturas em áreas habitacionais.
As forças de Moscovo estarão a concentrar os seus principais esforços nas regiões de Avdiivka, Kupyansk, Lymansk, Bakhmutsk e Marinsk, com os soldados ucranianos a afirmarem ter repelido mais de 60 ataques inimigos.
“Lamento dizer isto, mas Avdiivka está a tornar-se cada vez mais um lugar saído de um filme pós-apocalíptico”, declarou Vitaliy Barabash, chefe da administração militar da cidade localizada a cerca de 90 quilómetros de Bakhmut, onde a batalha se tem também intensificado.
Já a Força Aérea da Ucrânia terá levado a cabo nos últimos dias três ataques contra as tropas russas, para além de um ataque a um posto de comando e outro a um depósito de munições.
c/ agências