Ameaça de protestos armados coloca os EUA em alerta máximo para a tomada de posse de Biden
A três dias da tomada de posse do presidente eleito Joe Biden, os 50 Estados norte-americanos estão em alerta máximo para possíveis protestos armados previstos a partir deste domingo. Em todas as capitais de Estado foram implementadas medidas de segurança rigorosas e milhares de soldados da Guarda Nacional estão destacados para Washington de forma a garantir que motins como os que sucederam a 6 de janeiro não se voltam a repetir.
Perante esta ameaça, todos os 50 Estados norte-americanos estão em alerta máximo. Milhares de soldados da Guarda Nacional foram enviados para Washington para evitar falhas de segurança como aquelas que levaram ao caos do dia 6 de janeiro, quando milhares de apoiantes de Donald Trump invadiram o Capitólio onde congressistas estavam a validar o resultado das eleições presidenciais. Pelo menos cinco pessoas morreram nestes protestos e já foram detidos dezenas de manifestantes que participaram no assalto ao edifício.
Na sexta-feira, o Pentágono anunciou ter autorizado a deslocação de mais de 25 mil militares para as ruas de Washington, para a proteção de várias zonas, principalmente do National Mall, onde se reúnem os pontos mais importantes da política norte-americana, incluindo a Casa Branca, o Capitólio e outros monumentos emblemáticos.
Washington está em estado de emergência até ao dia seguinte à tomada de posse. As ruas da capital norte-americana estão desertas. Muitas delas, a quilómetros do Capitólio, foram bloqueadas com barreiras e cercas de metal. O Capitólio está cercado com uma vedação “não escalável” de mais de dois metros e o National Mall, que costuma ficar lotado com milhares de pessoas no dia da tomada de posse, foi vedado e estará encerrado ao público, assim como outros pontos de referência.
Nos restantes Estados estão também a ser tomadas medidas de precaução. Os especialistas alertam que as capitais dos Estados onde os resultados das eleições presidenciais foram mais renhidos, como Wisconsin, Michigan, Pensilvânia e Michigan, correm um maior risco de violência. Mas mesmo naqueles onde não existem indicações especificas de possíveis manifestações estão a ser tomadas medidas adicionais de segurança.
Vários governadores declararam estado de emergência e outros, como o Estado do Texas, fecharam as suas capitais ao público até dia 21, após a tomada de posse de Joe Biden e da sua vice-presidente Kamala Harris.
Estados como a Califórnia, Pensilvânia, Michigan, Virgínia e Wisconsin convocaram a Guarda Nacional para ajudar a proteger as suas capitais estaduais e reforçar as forças policiais locais.
Em Michigan foi erguida uma vedação com cerca de dois metros em torno do Capitólio, na cidade de Lansing. “Estamos preparados para o pior, mas continuamos esperançosos de que aqueles que escolherem manifestar-se na nossa capital o façam pacificamente”, disse o diretor da polícia daquele Estado, Joe Gasper.
Homem armado detido em Washington
A polícia do Capitólio deteve na sexta-feira um homem que tentou entrar no perímetro cercado do centro de Washington com uma acreditação falsa, pelo menos uma arma e mais de 500 balas. A detenção soou todos os alarmes.
O homem, identificado como Wesley Allen Beeler, dirigia uma carrinha com vários autocolantes referentes a armas de fogo, incluindo um em que se lia: “Se eles vierem buscar as suas armas, dê-lhes as balas primeiro”, segundo The Guardian.
De acordo com a CNN, a detenção ocorreu às 18h30 locais de sexta-feira (23h30 em Lisboa), quando o homem se aproximou de um dos pontos de controlo policial perto do Capitólio, um dos muitos criados ao longo do perímetro se segurança que impede a entrada no centro da capital dos Estados Unidos.
O homem, residente em Front Royal, no estado da Virginia, apresentou aos polícias uma acreditação falsa para aceder ao perímetro de segurança.
Quando os agentes lhe perguntaram se levava armas, o homem respondeu que tinha uma pistola semiautomática Glock, que estava carregada com 17 balas.
Depois da detenção, a polícia apreendeu a arma, mais 509 balas, 21 cartuchos de espingarda e um carregador para a pistola, de acordo com um relatório policial a que a CNN teve acesso.
Em resposta a esta notícia, Don Beyer, membro democrata da Câmara dos Representantes, disse que o perigo era real e que a cidade estava em ansiedade com a aproximação da investidura do presidente eleito Joe Biden.
Biden teve de desistir da ideia de chegar a Washington nesse dia de comboio a partir de Wilmington, no Estado de Delaware. A lista de convidados foi também drasticamente reduzida, passando a estar apenas mil pessoas presentes. Sabe-se que Donald Trump não será uma das pessoas presentes, sendo o primeiro presidente em 150 anos que não comparecerá à tomada de posse do seu sucessor.