Amado afirma que Kosovo não é moeda de troca para adesão da Sérvia

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

O presidente em exercício do conselho de ministros da União Europeia, Luís Amado, garantiu que a resolução do «problema político muito delicado» do Kosovo não funcionará como moeda de troca para a adesão da Sérvia à UE.

A adesão da Sérvia, um Estado europeu que partilha anos de História, e uma solução para o estatuto final da província sérvia do Kosovo são «problemas independentes», sublinhou Amado, no final de um encontro com o homólogo da Sérvia em Lisboa.

A mesma ideia, de que não haverá qualquer «trade-off» do estatuto final da província sérvia do Kosovo pela adesão da Sérvia à UE foi defendida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros sérvio, Vuk Jeremic, numa conferência de imprensa conjunta.

Jeremic também considerou que «o Kosovo é um assunto muito delicado» e advertiu que «se tem de ter muito cuidado».

«Temos de encontrar uma solução de compromisso que todos concordem», referiu Vuk Jeremic, sublinhando que a Sérvia «está empenhada na estabilização» do país.

O chefe da diplomacia portuguesa precisou ainda que o estatuto final do Kosovo, há meses na agenda UE, vai voltar a ser debatido na segunda-feira em Bruxelas no Conselho de Assuntos Gerais e Relações Externas.

Na segunda-feira, a presidência portuguesa terá como função «preservar a união do Conselho para que a UE possa ser um elemento de preservação no processo e não um factor de desestabilização» em relação ao Kosovo, precisou Luís Amado.

Referindo-se às relações bilaterais entre Portugal e a Sérvia, que também foram debatidas no encontro, Luís Amado afirmou que são «excelentes» e acrescentou que Portugal defende uma aceleração do processo de adesão da Sérvia à UE.

Quarta-feira, os países ocidentais apresentaram nas Nações Unidas uma nova versão do projecto de resolução sobre o futuro estatuto da província sérvia do Kosovo, que entretanto já foi rejeitada por Moscovo, que considerou insuficientes as modificações introduzidas.

O projecto inicial sobre o futuro estatuto da província sérvia do Kosovo foi elaborado pelo enviado especial da ONU à região, o finlandês Martti Ahtisaari.

Face a esta nova recusa da Rússia, os Estados Unidos, pela voz do embaixador na ONU, já advertiram Moscovo contra o bloqueio do processo.

«Ou o Conselho de Segurança se ocupa desta questão com a Rússia a desempenhar um papel construtivo e dando um passo na direcção certa, ou a Rússia será responsável pela continuação do processo fora do Conselho», afirmou o embaixador norte-americano na ONU, Zalmay Khalilzad, salientando que «a bola está agora no campo da Rússia».

O novo texto foi elaborado pelo Reino Unido, França, Estados Unidos, Bélgica, Alemanha e Itália e está já em condições de ser votado, embora não tenha sido marcada ainda qualquer data.

Novas consultas estão previstas para hoje.

Na base do novo texto esteve uma tentativa de ultrapassar as reticências da Rússia, aliada dos sérvios, que se opõem ferozmente a uma independência do Kosovo por considerarem aquela sua província como o berço da sua cultura e religião.

A nova versão propõe discussões suplementares no final de um período de 120 dias de negociações entre Belgrado e os kosovares albaneses «para determinar se pode ser encontrado um terreno de entendimento».

O Kosovo está sob administração provisória da ONU desde 1999 depois dos bombardeamentos da NATO para acabar com a repressão das forças sérvias contra a guerrilha independentista albanesa.


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