O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump está envolvido em várias investigações civis, criminais ou parlamentares, sendo o mais recente episódio as buscas realizadas na segunda-feira pelo FBI à sua residência em Mar-a-Lago, na Florida.
Até ao momento, ainda não é conhecida nenhuma acusação contra o magnata republicano, potencial candidato às presidenciais de 2024.
Segundo os `media` norte-americanos, as buscas realizadas na segunda-feira pela polícia federal podem estar ligadas ao tema do arquivamento por Trump de documentos relacionados com a sua presidência.
A lei obriga o chefe de Estado dos EUA a enviar todos os seus `emails`, cartas e outros documentos de trabalho para o Arquivo Nacional.
No entanto, quando o republicano abandonou a Casa Branca, levou quinze caixas de documentos, que os funcionários do Arquivo Nacional tiveram que recuperar em janeiro, já em Mar-a-Lago.
A polícia federal pediu aos tribunais norte-americanos a abertura de uma investigação sobre estes factos, que ainda não deram origem a nenhum processo.
Nem o FBI nem os tribunais deram qualquer indicação das razões das buscas ocorridas esta segunda-feira.
O painel da Câmara dos Representantes dos EUA, responsável pela investigação do ataque ao Capitólio, ocorrido em janeiro de 2021, mostrou recentemente a extensão da pressão que Trump exerceu sobre as autoridades eleitorais após a derrota nas presidenciais de novembro de 2020, conquistadas por Joe Biden.
Os membros desta comissão de investigação defendem que o ex-presidente falhou, no mínimo, no seu dever enquanto líder máximo do país, e que "quem falhou naquele dia" deve "responder pelos seus atos perante os tribunais".
O trabalho desta comissão foi amplamente divulgado, mas este não origina diretamente processos judiciais e cabe à Justiça norte-americana decidir sobre possíveis consequências criminais.
Em paralelo decorre a investigação criminal sobre o assalto ao Capitólio, que já resultou em 100 condenados a prisão.
A dúvida recai sobre se a investigação irá atingir funcionários da Casa Branca ou até mesmo o Presidente da altura, que incentivou milhares de apoiantes a marcharem sobre o Congresso norte-americano para tentar impedir a vitória eleitoral de Biden.
O dilema está nas mãos do líder do Departamento de Justiça, Merrick Garland, nomeado por Joe Biden e que tem autoridade sobre a acusação.
"Todo aquele que for criminalmente responsável pelos esforços para anular a eleição terá que responder pelas suas ações", referiu Garland, conhecido por ser metódico e cauteloso.
Por enquanto, Donald Trump não parece ser o alvo direto desta investigação.
Segundo vários advogados, Trump pode enfrentar um processo em matéria criminal por "obstrução de procedimento oficial" ou uma acusação muito ampla de "fraude ao governo", que envolve ter perturbado o funcionamento de instituições.
Perante a cada vez mais provável nova candidatura à Casa Branca, qualquer ação sobre Trump pode passar a ser vista como política.
Já na Geórgia, um procurador anunciou em fevereiro de 2021 a abertura de uma investigação sobre "tentativas de influenciar as operações eleitorais" deste estado no sul dos Estados Unidos, bastante conservador, mas conquistado em 2020 por Biden.
As investigações continuam em 2022 e um telefonema divulgado num momento posterior às eleições, mostra Trump a pedir a Brad Raffensperger, um alto funcionário da Geórgia, que "encontrasse" quase 12.000 cédulas de voto em seu nome, o suficiente para recuperar o atraso naquele estado.
Também os negócios de Trump são alvo de investigações, num processo criminal promovido pelo procurador de Manhattan, por suspeitas de avaliação fraudulenta de ativos dentro da Trump Organization, que inclui clubes de golfe, hotéis de luxo e outras propriedades do magnata, para obter empréstimos mais vantajosos de bancos, ou para reduzir os seus impostos.
A organização e o seu diretor financeiro foram acusados de evasão fiscal e está previsto um julgamento para 2022.
Num segundo caso civil, a procuradora-geral do Estado de Nova Iorque, a democrata Letitia James, está a tentar esclarecer suspeitas semelhantes de avaliação fraudulenta de ativos.
No início do ano, a procuradora conseguiu que um juiz ordenasse que Donald Trump testemunhasse sob juramento. A audiência marcada para meados de julho foi adiada.
Neste caso, o ex-presidente denuncia uma "caça às bruxas" política.