Após três semanas de incógnita acerca do seu paradeiro, foi revelado que o rosto da oposição russa, Alexei Navalny, está detido numa colónia penitenciária perto da cordilheira dos Urais, no Ártico. A informação foi avançada esta segunda-feira pelos seus apoiantes na rede social X.
"Encontrámos Navalny. Está na colónia prisional número 3 na cidade de Kharp", escreveu Kira Iarmych no X, indicando que Navalny "está bem" e que o seu advogado o visitou esta segunda-feira.
Navalny estava há três semanas desaparecido. Quem lançou então o alerta foram os seus aliados, que aguardavam a sua transferência para uma colónia de "regime especial", o grau mais severo do sistema prisional russo.
Esta prisão russa fica a cerca de 1.900 quilómetros de Moscovo.
"Muito obrigado aos nossos apoiantes, ativistas, jornalistas e toda a comunicação social que se preocupam com o destino de Alexei e que não se cansam de escrever acerca da situação", disse, por sua vez, o advogado Ivan Zhdanov.
A prisão onde se encontra Navalny, conhecida como colónia "o Lobo Polar", é considerada uma das mais rígidas da Rússia, albergando presidiários condenados pelos crimes mais graves.
Por estar localizada no Ártico, os invernos são especialmente difíceis. Prevê-se que, na próxima semana, as temperaturas cheguem aos -28º. "Condições lá são muito duras"
Localizada a cerca de 60 quilómetros a norte do Círculo Polar Ártico, esta prisão foi fundada nos anos 1960 como parte do sistema Gulag de campos soviéticos de trabalho forçado para criminosos.
"As condições lá são duras, com um regime especial no permafrost" (camada congelada do subsolo), declarou Leonid Volkov, outro aliado de Navalny, dizendo ainda que é difícil comunicar com os detidos neste local remoto do mapa.
Segundo o advogado de Alexei Navalny, os seus apoiantes enviaram 618 pedidos de informação acerca da sua localização desde que desapareceu, há três semanas. A teoria da defesa do líder da oposição é que as autoridades russas queriam isolá-lo antes das eleições presidenciais de março.
Até ao seu desaparecimento, Navalny encontrava-se numa colónia penal a cerca de 235 quilómetros de Moscovo. O opositor assegura que foi detido por ser visto como uma ameaça pela elite política russa, sendo que, estando preso, não pode concorrer às eleições.
Navalny, de 47 anos, negou todas as acusações pelas quais foi condenado e já alertou que o sistema judicial da Rússia é "profundamente corrupto". Em 2020, terá sido envenenado na Sibéria, com Moscovo a rejeitar qualquer culpabilidade no caso e a vincar a inexistência de provas.
c/ agências