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Alerta em França. Aves migratórias podem infetar aves domésticas com vírus influenza

por RTP
Apesar dos alertas, neste momento não há em França qualquer caso deste vírus. Nir Elias - Reuters

As autoridades francesas colocaram esta quinta-feira 46 regiões do país em "risco elevado" de serem alvo do vírus influenza, que pode ser transmitido às aves domésticas pelas migratórias, depois de vários casos terem sido registados recentemente noutros países europeus. Os animais domésticos deste tipo têm de ficar confinados durante o período de alerta, de modo a que seja evitado o regresso da doença conhecida por "gripe das aves".

É necessário tomar medidas preventivas urgentes e imediatas para proteger as criações de aves domésticas em França de uma potencial contaminação pelo vírus aviário influenza através das aves selvagens, em particular em zonas de risco ou em regiões que servem de corredores de migração”, justifica o decreto francês hoje divulgado pelo Ministério da Agricultura.

Entre os territórios abrangidos estão aqueles conhecidos pela sua produção de foie gras (fígado de ganso ou pato), tais como Landes ou Le Gers.

Um eventual regresso do vírus que provoca a gripe das aves traria enormes consequências económicas à indústria, que poderia ver as suas exportações suspensas numa altura em que a economia francesa foi já enfraquecia pela pandemia de Covid-19.

Os criadores de patos no sul de França já conhecem bem os riscos deste vírus, depois de terem sido afetados pelo mesmo nos invernos de 2015 e 2016. Nessas alturas, viram-se forçados a abater os seus animais para erradicar o vírus e perderam centenas de milhões de euros. Apesar dos alertas, neste momento não há em França qualquer caso deste vírus, que não representa grande perigo para humanos mas é altamente contagioso para as aves.

Desde janeiro de 2018 e até ao final de outubro deste ano, o risco de contágio por gripe das aves era dado como “mínimo”. Agora, porém, foi elevado para “moderado” em toda a França, à exceção das 46 regiões onde é “elevado”.

O risco “elevado” faz com que sejam introduzidas medidas de proteção reforçadas, incluindo a obrigação de manter os animais que habitualmente se encontram ao ar livre em espaços fechados ou protegidos por redes que impeçam o contacto com as aves selvagens. As regras aplicam-se tanto a criadores profissionais como a particulares.

“Não estamos surpreendidos” com este alerta de risco elevado “dado o desenvolvimento noutros países europeus", disse à agência AFP Anne Richard, diretora da Associação Nacional Interprofissional da Criação de Aves (Anvol), que junta criadores de galinhas, perus e patos.

“Estamos muito melhor preparados do que nas vezes anteriores”, acrescentou, frisando que tem existido “muito investimento e formações em biossegurança”.

O decreto do Ministério francês da Agricultura explica que o Governo teve em consideração “a evolução pouco favorável na Europa no que diz respeito ao vírus que provoca a gripe das aves”.

O Governo francês refere-se a surtos deste vírus na Rússia e no Cazaquistão durante o Verão e a recentes casos nos Países Baixos.

“Desde então, originou-se uma dinâmica de infeções que levou a um surto numa criação de galinhas nos Países Baixos, assim como a outros 13 casos em aves selvagens na Alemanha. A 3 de novembro, também o Reino Unido declarou um primeiro surto no norte do país”, justifica o Ministério.
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