Alemanha reforça controlos nas fronteiras com a Polónia e a República Checa

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Polícia alemã sinaliza um veículo na autoestrada perto da fronteira germano-polaca para evitar a migração ilegal perto de Bademeusel, Alemanha, a 20 de setembro Lisi Niesner - Reuters

A ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, anunciou esta quarta-feira o reforço dos controlos fronteiriços móveis ao longo das centenas de quilómetros de fronteira do país com a Polónia e com a República Checa, medida que deverá entrar em vigor "nos próximos dias". O anúncio surge numa altura em que os fluxos migratórios têm aumentado e o governo de Olaf Scholz tem sido pressionado para travar os pedidos de asilo.

A Alemanha apertou o cerco à imigração ilegal esta quarta-feira, 27 de setembro, com a imposição de controlos policiais prioritários flexíveis nas fronteiras do país. De acordo com a ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, o objetivo é “exercer a máxima pressão investigativa sobre os contrabandistas e proteger as pessoas”, explicou em declarações aos jornalistas, esta quarta-feira.


Para já não está prevista a imposição de controlos fixos, apesar das exigências dos conservadores da União Democrata Cristã (CDU, sigla em alemão), o principal partido da oposição do goveno de Olaf Scholz. No entanto, a socialista do Partido Social Democrata (SPD, sigla em alemão), Nancy Faeser, não descartou a possibilidade de virem a ser adicionados mais tarde, se os controlos anunciados esta semana “não funcionarem”. "Se não conseguirmos proteger melhor as fronteiras externas, então as fronteiras abertas dentro da União Europeia estarão em perigo", alertou Nancy Faeser.

Atualmente, os únicos pontos de controlos fixos para entrar na Alemanha situavam-se na fronteira com a Áustria, depois de terem sido impostos durante a crise migratória de 2015 e 2016, quando a Alemanha acolheu mais de um milhão de refugiados.

Com o aumento do fluxo migratório nos últimos meses, estas medidas surgem em véspera de eleições regionais na Baviera, no sul, e em Hesse, no centro, a 8 de outubro. Nestas regiões, destaque para a subida em flecha do partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD, sigla em alemão), com um recorde de intenções de voto nas sondagens. É neste contexto que a questão do acolhimento de refugiados voltou ao centro do debate nas últimas semanas.

De acordo com dados oficiais das autoridades alemãs, no primeiro semestre de 2023 os pedidos de asilo na Alemanha aumentaram cerca de 78 por cento. Só no mês de agosto, registaram-se 14 701 passagens ilegais de fronteira para a Alemanha, mais 66 por cento do que no mês homólogo do ano anterior.

Face a estes números, e na sequência da tragédia em Lampedusa, Berlim anunciou que iria suspender o acolhimento dos migrantes provenientes de Itália, argumentando que Roma não estava a cumprir as regras de pedido de asilo, que preveem que os pedidos sejam processados no país da União Europeia de primeira chegada, neste caso Itália.
Excerto do Jornal da Tarde, 21 de setembro de 2023

O aumento do fluxo migratório para a Europa tem afetado a relação entre os Estados-membros da União Europeia, cada vez mais dividida quanto à gestão e distribuição de refugiados no continente europeu. Uma nova reunião entre os ministros do Interior da União Europeia está prevista para quinta-feira, em Bruxelas, onde será debatida a reforma da política comum de migração.

c/agências
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