O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse hoje que a Alemanha está preparada para enviar mais tropas para a Lituânia, respondendo assim aos pedidos dos países bálticos.
"Estamos prontos para fortalecer o nosso compromisso e transformá-lo numa brigada de combate robusta que pode organizar em conjunto a dissuasão da agressão e a defesa na Lituânia", disse Olaf Scholz numa conferência de imprensa em Vilnius, ao lado dos líderes do Báltico.
Uma brigada tem cerca de 4.000 soldados.
Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, a Alemanha, que lidera um grupo de combate multinacional da NATO na Lituânia, já havia aumentado o número de militares naquele país, de 550 para mais de 1.000.
"O que também é muito importante para nós é discutir como reagimos ao ataque russo, fazendo de tudo para que a Rússia não ganhe esta guerra. Acho que ninguém tem ilusões sobre a Rússia hoje. Temos que perceber que a ameaça russa não vai desaparecer", disse o Presidente lituano, Gitanas Nauseda.
"Não pode haver diálogo, cooperação, apaziguamento em relação a esta nação que continua a acariciar as suas ambições imperiais", acrescentou.
Suspeitando da Rússia após 50 anos de domínio soviético no século passado, os países bálticos temem tornar-se nos próximos a ser atacados por Moscovo, se a sua campanha na Ucrânia for bem-sucedida.
Desde o início da guerra, os países bálticos pedem o aumento do número de militares da NATO no seu território e a criação de brigadas para substituir as unidades atuais.
Nos últimos anos, os países aliados da NATO já reforçaram a sua presença no seu flanco oriental.
Em 2017, quatro grupos de combate multinacionais, de nível de batalhão, foram colocados na Lituânia, Estónia e Polónia, sendo liderados por Alemanha, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.
Após a invasão russa da Ucrânia em fevereiro, os Estados-membros da Aliança Atlântica decidiram estabelecer novos batalhões na Bulgária, Hungria, Roménia e Eslováquia.
Uma cimeira da NATO está agendada para os dias 29 e 30 de junho em Madrid, Espanha.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga quase 15 milhões de pessoas de suas casas -- mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,9 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou hoje que 4.253 civis morreram e 5.141 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 104.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.