"Todos os edifícios, incluindo propriedades privadas, que possam servir de abrigo, como caves, garagens e estações de metro", estão a ser inventariados, anunciou esta segunda-feira o ministério da Administração Interna da Alemanha.
"Vai ser estabelecido um diretório digital de todos os bunkers para que as pessoas os possam encontrar rapidamente, com o auxílio do seu telemóvel", explicou o porta-voz do Ministério.
O Governo vai encorajar também os cidadãos a criar abrigos, apetrechando caves e garagens dos seus domicílios, acrescentou.
O plano foi acordado em junho, tendo sido entretanto estabelecido um grupo de trabalho, revelou ainda o Ministério, sem prever calendário de conclusão ou metas.
A iniciativa está a ser descrita como "ofensiva bunker" mas o levantamento, já em curso, "vai demorar", reconheceu o porta-voz. O projeto envolve os Serviços de Emergência e Proteção Civil, entre outras entidades. A Alemanha tem 83 milhões de habitantes e dispõe de 579 bunkers, a maioria datados da II Guerra Mundial e da época da Guerra Fria. Podem acolher 480 mil pessoas.
Depois da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, o Governo alemão suspendeu a alienação de fortificações que detinha na sua posse. Desde 2005 já havia passado mais de 300 bunkers para privados, transferindo a responsabilidade e os custos da sua manutenção.
Em outubro, a liderança dos serviços alemães de informação avisou que a Rússia seria provavelmente capaz de lançar um ataque aos países da NATO em 2030, sublinhando que tem estado a crescer o número de atos de sabotagem e as atividades de sabotagem em solo alemão.
A possibilidade da guerra na Ucrânia poder alastrar a outros países europeus agravou-se na semana passada, com o uso de mísseis de longo alcance americanos por parte da Ucrânia contra alvos na Rússia, e a estreia de um novo míssil hipersónico russo, o Oresnnik, num ataque à cidade ucraniana de Dnipro.
Há quatro dias, o presidente russo, Vladimir Putin, considerou que o conflito adquiriu caracteristicas de uma guerra "mundial" e advertiu que não exclui ataques a países ocidentais. Países Bálticos, Polónia e Alemanha procuram preparar as suas populações para o pior.
A ameaça pode incluir o uso pela Rússia dos Oreshnkik, os seus novos mísseis hipersónicos de médio alcance, concebidos para transportar uma ogiva nuclear e praticamente impossíveis de interceptar com os atuais sistemas de proteção aérea. Putin já ordenou novos testes e a produção em massa da nova arma.