A líder da AfD, partido de extrema-direita da Alemanha, garantiu que o partido vai fazer campanha por uma saída da Alemanha da União Europeia, tal como aconteceu com o Reino Unido. Alice Weidel chamou o processo de “Dexit” e diz acreditar que o Brexit é o modelo a seguir pelos alemães no futuro. A Alemanha é o maior membro da aliança europeia.
O partido tem sido alvo de muitas críticas nos últimos dias, com múltiplas manifestações a terem lugar em várias cidades da Alemanha, após ter sido divulgado que o partido fez parte uma reunião em que apresentou um plano para deportações em massa de estrangeiros e outros cidadãos com passaporte alemão.
Alice Weidel veio entretanto considerar que a divulgação da notícia é “escandalosa” e que descreveu mal o partido, explicando que a AfD (Alternative für Deutschland) apenas quer usar as leis alemãs para repatriar pessoas que não devem estar na Alemanha. “A AfD é o partido que pretende reforçar as leis do país”.
Com as novas informações, vários foram os cidadãos alemães a saírem às ruas para mostrar a insatisfação com a AfD. Em Munique e Hamburgo teve de haver ação policial para conter o número de pessoas nas ruas. Em Berlim foram mais de 100 mil as pessoas a sair às ruas, com o protesto a culminar em frente ao Reichstag, o parlamento alemão.
Alice Weidel é uma antiga bancária que lidera a AfD desde 2022. De acordo com o Guardian, antes da saída da Alemanha da União, Weidel pretende reformar o grupo dos 27 que considera ser um aglomerado de países com um “deficit democrático”. Um dos objetivos é reduzir os poderes da Comissão Europeia, que Weidel diz ser um “executivo não eleito”.
“Se uma reforma não é possível, se falharmos na reconstrução da soberania dos membros da União Europeia, então devemos deixar as pessoas decidirem, tal como o Reino Unido fez. E podemos ter um referendo do “Dexit”, uma saída alemã da União Europeia”.
O partido de Weidel está a viver o maior momento de popularidade na Alemanha desde a sua formação, em 2013. Nos estados alemães mais a leste, o partido tem tido uma popularidade a sondar os 30 por cento, ultrapassando em certos locais os principais partidos alemães.
No entanto, uma saída da Alemanha da União Europeia será pouco provável já que 80 por cento da população alemã é a favor da pertença alemã no grupo dos 27.
Na Alemanha existe, neste momento, um debate sobre se a AfD deveria ser ilegalizada ou considerada inconstitucional, já que os serviços secretos alemães revelaram que uma parte do eleitorado deste partido tem tendências de extrema-direita.
No entanto, os principais partidos alemães não querem que tal aconteça já que este tipo de ação pode levar a um maior número de pessoas a apoiar a AfD, numa altura em que o chanceller Olaf Scholz está a ter grandes dificuldades internas e com a questão ucraniana. A confusão que Scholz não tem sabido controlar no seu governo tem levado ao crescimento do partido de Weidel.
Apesar de algumas saídas do partido, a Alternativa para a Alemanha (AfD) tem tido dificuldades em lidar com as ondas de choque o plano de deportação em massa tem trazido para as suas fileiras. Weidel garantiu não ter conhecimento da reunião e um dos mais altos funcionários do partido, Roland Hartwig, acabou por se demitir.