O diretor do porto albanês de Shengjin informou que nenhum migrante resgatado em águas italianas chegará hoje ao país, no dia em que deveria começar a ser aplicado um acordo bilateral sobre centros de acolhimento temporário.
"Não haverá migrantes na segunda-feira", declarou à agência AFP Sander Marashi, diretor do porto de Shengjin, local responsável pela receção.
Alguns dias antes da suposta abertura dos centros de acolhimento, a agência noticiosa italiana Ansa anunciou que o atraso se devia a atrasos nos trabalhos efetuados por empresas italianas.
"Os engenheiros militares italianos que trabalham nos locais de Shengjin e Gjader, com base no acordo entre Roma e Tirana, ainda não terminaram a construção das estruturas de acolhimento", escreveu.
No início de maio, em Shengjin, apenas uma dúzia de pequenos blocos pré-fabricados tinham sido instalados no meio do porto. De acordo com as autoridades locais, uma vez concluídos os trabalhos, o terreno de 4.000 m2 será rodeado por muros de quatro metros de altura.
O prestador de serviços privado responsável pela gestão dos centros deveria estar pronto "o mais tardar a 20 de maio", segundo as condições do concurso publicado em março no site do Ministério da Administração Interna.
O operador foi selecionado (a empresa italiana Medihospes), mas o Governo previu que, em função da evolução dos trabalhos, os centros poderiam acolher inicialmente um número reduzido de pessoas antes de funcionarem em pleno.
A conclusão dos trabalhos estava prevista para o final de outubro/início de novembro.
Mas, segundo o diário italiano La Repubblica, o estaleiro está "ainda na fase inicial".
O Governo italiano não confirmou oficialmente a existência de atrasos nas obras, mas fontes do Governo maioritário entrevistadas pela AFP reconheceram a demora, justificando-a com a análise do projeto pelo Tribunal Constitucional albanês, que suspendeu o processo no final de 2023 na sequência de um recurso da oposição.
Ainda de acordo com o La Repubblica, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, esperava a abertura - mesmo que parcial - dos centros antes das eleições europeias de junho, e planeava visitar a Albânia no próximo dia 27.
Os dois centros - financiados e geridos pela Itália, no território de um país que não é membro da União Europeia, mas que aspira a sê-lo - poderão acolher até 3.000 imigrantes que chegam a Itália por via marítima.
Depois de registados, os imigrantes que chegarem a Shengjn serão levados para Gjader, uma antiga base militar a cerca de 20 quilómetros de distância, onde ficam até saber se o seu pedido de asilo foi aceite.
Os custos de construção dos centros de segurança e de cuidados médicos para os requerentes de asilo serão assumidos totalmente pela Itália, numa despesa estimada entre 650 e 750 milhões de euros ao longo de cinco anos.
De acordo com o Ministério da Administração Interna italiano, 157.652 pessoas desembarcaram nas costas italianas no ano passado, em comparação com 105.131 em 2022.
A mesma fonte informou que 18.593 pessoas chegaram a Itália entre 01 de janeiro e 17 de maio, em comparação com 45.507 durante o mesmo período em 2023.
Em 2023, 3.041 migrantes desapareceram depois de tentarem atravessar o Mediterrâneo, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).