Ajuda internacional a chegar. Número de mortos em Myanmar ultrapassa o milhar
Equipas de socorristas estrangeiros estão a voar para Myanmar para ajudar na busca de sobreviventes de um terramoto que matou mais de mil pessoas, paralisando infraestruturas críticas no meio de uma guerra civil.
As autoridades declararam o estado de emergência nas seis regiões mais afetadas. Num hospital da capital, Naypyidaw, centenas de feridos estavam a ser tratados no exterior devido aos danos no edifício, observaram os jornalistas da AFP na sexta-feira.
O Serviço Geológico dos EUA estimou que o número de mortos poderá ultrapassar os dez mil em Myanmar e que os prejuízos poderão exceder a produção económica anual do país. Susan Hough, cientista do Programa de Riscos de Terramotos do Serviço Geológico dos EUA, afirmou à Reuters que é difícil prever o número de mortos de um terramoto, por várias razões, incluindo o momento.
Quando um terramoto ocorre durante o dia, como aconteceu em Myanmar, “as pessoas estão acordadas, e mais aptas para reagir”, disse.
O terramoto danificou estradas, pontes e edifícios em Myanmar, de acordo com a junta, cujo general de topo fez um raro apelo à assistência internacional na sexta-feira.
“As operações de busca e salvamento estão atualmente a ser realizadas nas áreas afetadas”, afirmou a junta num comunicado publicado nos meios de comunicação estatais este sábado.
O terramoto, que ocorreu por volta da hora do almoço de sexta-feira, afetou vastas áreas do país, desde as planícies centrais em torno de Mandalay até às colinas de Shan, partes das quais não estão completamente sob o controlo da junta.
Em Mandalay, a segunda maior cidade de Myanmar, os residentes e socorristas esforçaram-se por retirar as pessoas de debaixo dos edifícios desmoronados, lutando com a limitada maquinaria pesada disponível para remover os escombros.Segundo geólogos norte-americanos, há décadas que nenhum sismo desta intensidade atinge Myanmar, com tremores suficientemente fortes para aterrorizar os milhões de habitantes de Banguecoque, onde os terramotos raramente são sentidos.
Pelo menos dez pessoas morreram na vizinha Tailândia, onde o terramoto de magnitude 7,7 abalou edifícios e derrubou um arranha-céus em construção na capital, Banguecoque, deixando 30 pessoas presas sob os escombros e 49 desaparecidas.
Em Banguecoque, a mil quilómetros do epicentro, uma missão de salvamento intensificou os seus esforços este sábado para encontrar trabalhadores da construção civil presos sob os escombros da torre de 33 andares que ruiu.
O governador de Banguecoque, Chadchart Sittipunt, disse à AFP que cerca de dez pessoas morreram na capital tailandesa, a maioria das quais no local da construção, mas advertiu que o número de mortos pode aumentar.
As autoridades utilizaram escavadoras, drones e cães de busca e salvamento para tentar libertar as 30 pessoas presas, incluindo pelo menos 15 que ainda dão sinais de vida.
“Estamos a fazer o nosso melhor com os recursos que temos, porque todas as vidas contam”, disse Chadchart aos jornalistas este sábado, a partir do local onde o edifício ruiu, perto do mercado de Chatuchak, popular entre os turistas.
Banguecoque ordenou o envio de mais de uma centena de especialistas para verificar a segurança dos edifícios, depois de ter recebido mais de dois mil relatórios de danos.
As operações em seis aeroportos tailandeses, incluindo os de Banguecoque, Chiang Mai, Hat Yai, Chiang Rai e Phuket, voltaram ao normal depois de serem submetidos a inspeções de segurança.Ajuda internacional
Uma equipa de salvamento chinesa chegou à capital comercial de Myanmar, Yangon, a centenas de quilómetros das cidades mais afetadas de Mandalay e Naypyitaw, a capital do país.
Rússia, a Índia, a Malásia e Singapura começaram a enviar aviões com material de socorro e pessoal para Myanmar, que tem sido devastada por uma guerra civil depois de um golpe militar de 2021 ter derrubado um governo civil eleito.
“Continuaremos a monitorar os desenvolvimentos e mais ajuda se seguirá”, disse o ministro indiano dos Negócios Estrangeiros, Subrahmanyam Jaishankar.
“Vamos ajudá-los (...) É terrível o que está a acontecer”, disse o Presidente dos EUA, Donald Trump, na sexta-feira.
A ASEAN, bloco do Sudeste Asiático, reconhece a necessidade urgente de assistência humanitária para Myanmar e está pronta para apoiar os esforços de recuperação.
“A ASEAN afirma a sua solidariedade e trabalhará em estreita colaboração para coordenar a assistência humanitária, apoiar e facilitar as operações de socorro e assegurar uma resposta humanitária atempada e eficaz”, afirmaram os ministros dos Negócios Estrangeiros da Associação das Nações do Sudeste Asiático numa declaração conjunta.