Em direto
Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

"Agressão". Israel multiplica bombardeamentos sobre bastião do Hezbollah em Beirute

por Carlos Santos Neves - RTP
As vagas de bombardeamentos de Israel prolongaram-se por toda a noite Wael Hamzeh - EPA

A máquina de guerra israelita lançou, durante a última noite, sucessivas vagas de bombardeamentos sobre a periferia a sul da capital libanesa, Beirute, zona de forte implantação do Hezbollah. Além de um ataque que teve por alvo o número um do movimento xiita pró-iraniano, as Forças de Defesa de Israel atingiram depósitos de armas. A milícia de Hassan Nasrallah reivindicou, em retaliação, bombardeamentos no norte de Israel.

Ao início da manhã deste sábado, o exército do Estado hebraico apontou baterias a alvos a sudoeste de Beirute, garantindo que apelou à evacuação do território visado. Horas antes, as forças israelitas efetuaram o mais amplo raid aéreo sobre Beirute em quase um ano. Foram vários os edifícios arrasados.

Hassan Nasrallah, que Israel admitiu ter visado nos bombardeamentos de sexta-feira contra o “quartel-general” do movimento xiita, terá escapado com vida. Morreram pelo menos seis pessoas e outras 91 ficaram feridas, segundo um balanço do Ministério da Saúde do Líbano. Prevê-se, todavia, que o número de vítimas aumente nas próximas horas e venha a atingir as centenas.

Desde o início da semana, as vagas de bombardeamentos de Israel sobre território libanês provocaram mais de 700 vítimas mortais
.
A aviação israelita está a patrulhar o aeroporto internacional de Beirute para impedir que o Irão faça chegar armamento ao Hezbollah.


Na plataforma de mensagens Telegram, o Tsahal indicou ter atacado, na noite de sexta-feira para sábado, edifícios civis que, na sua versão, abrigariam depósitos de armas, fábricas de munições e centros de comando do Hezbollah. O movimento veio entretanto negar as “alegações” de Telavive.

O Ministério libanês da Saúde anunciou que todos os hospitais das zonas visadas por bombardeamentos seriam evacuados, face ao que descreveu como “a agressão israelita”. Ordenou também a unidades hospitalares de outros sectores que deixassem de “receber casos não urgentes até ao fim da próxima semana, para acolher doentes de hospitais dos arredores a sul de Beirute”.Israel atacou também presumíveis posições do Hezbollah em Tiro e Bekaa, no sul e no leste do Líbano, respetivamente.


Diante da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, o primeiro-ministro israelita sustentou, na sexta-feira, que “enquanto o Hezbollah escolher o caminho da guerra Israel não terá outra escolha” que não seja bombardear o Líbano. Estas operações, acentuou Benjamin Netanyahu, vão ser levadas a cabo “até que todos os objetivos sejam atingidos”. Um eco da retórica que Telavive tem vindo a empregar, desde outubro do ano passado, quando se refere à Faixa de Gaza e ao movimento radical palestiniano Hamas.

Com a porta fechada, até ao momento, à proposta multilateral de um cessar-fogo de 21 dias, encabeçada por Estados Unidos e França, as Forças de Defesa de Israel continuam a preparar uma possível incursão terrestre no Líbano.

Numa outra frente, o exército israelita anunciou também este sábado ter abatido o número um do Hamas no sul da Síria, identificado como Ahmad Muhammad Fahd.

O conflito em curso foi desencadeado pelo ataque do Hamas contra Israel, a 7 de outubro de 2023, que causou a morte de 1.205 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada nos números oficiais israelitas, incluindo os reféns mortos em Gaza.Das 251 pessoas raptadas, 97 continuam detidas em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo exército.

Em represália, Israel prometeu destruir o Hamas, no poder em Gaza desde 2007 e que considera uma organização terrorista, tal como os Estados Unidos e a União Europeia.
A ofensiva israelita em Gaza causou pelo menos 41.534 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados fiáveis pela ONU, e provocou uma catástrofe humanitária.

c/ agências
PUB