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África, o "epicentro mundial da epidemia", segundo a ONU

por Agência LUSA

África é o continente mais afectado pelo vírus da SIDA com 65 por cento do total no mundo, realidade que justifica a classificação das Nações Unidas de "epicentro mundial da epidemia", identificada há 25 anos, a 05 de Junho.

À excepção da Índia, que no ano passado ultrapassou a África do Sul como o país com maior número de infectados no mundo, os primeiros lugares da lista dos piores são todos ocupados por países da África subsaariana, que conta com 24,5 milhões de infectados.

No Botsuana, Namíbia e Suazilândia, a taxa de prevalência ultrapassa os 20 por cento, o que significa que a SIDA vai provocar a morte a um terço dos jovens, com o consequente impacto negativo no desenvolvimento económico e demográfico do continente.

Na África do Sul, há 5,5 milhões de infectados e, segundo as estimativas da ONU, o facto de ser o país com maior número de infectados na África subsaariana pode afectar toda a região, dado que desde o fim do apartheid se tornou uma importante fonte de ajuda aos outros países do continente.

Segundo o último relatório do Programa da ONU para a SIDA (ONUSIDA), divulgado no início de Maio, "ainda não se conhece o verdadeiro impacto da SIDA, mas seja qual for o seu rumo, o seu efeito socioeconómico, particularmente a nível de capital humano, continuará a crescer durante muitos anos".

O primeiro caso de uma pessoa infectada com o VIH foi em Kinshasa, na República Democrática do Congo (ex-Zaire), onde há registos de um estudo médico feito em 1959, mas apenas a 05 de Junho de 1981 foi identificado o vírus, em Los Angeles, e determinado que se tratava de uma doença epidémica.

Passados 25 anos, já foram infectadas 65 milhões de pessoas e morreram 25 milhões.

Das 2,8 milhões de mortes registadas só no ano passado, dois milhões ocorreram na África subsaariana, que tem ainda cerca de 15 milhões de órfãos devido à doença.

A relação causa/efeito entre SIDA e pobreza comprova-se no "continente negro", onde apenas 810.000 pessoas recebem tratamento antiretroviral, dos cinco milhões que precisam urgentemente.

Esta combinação entre SIDA e pobreza faz com que o continente africano esteja constantemente na agenda dos países doadores, mas, segundo organizações humanitárias e a própria ONU, a ajuda nunca é suficiente.

Talvez por este motivo surjam várias iniciativas a nível mundial para ajudar África, nomeadamente de figuras públicas como Bono, vocalista dos U2, ou o músico britânico Bob Geldof, impulsionador do Live8.

Entre concertos de beneficiência e constantes deslocações a África, Bono até já vestiu a pele de editor de um jornal por um dia para chamar a atenção para o problema da SIDA em África.

A 16 de Maio, no papel de editor do jornal britânico Independent, Bono escolheu para manchete "Hoje não há notícias", em letras garrafais sobre um fundo vermelho, a cor da luta contra a SIDA.

Mas a manchete tinha uma nota de rodapé: "apenas 6.500 africanos que morreram hoje devido a uma doença que se pode prevenir e combater (HIV/SIDA)".


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