Os Taliban anunciaram, no domingo, que querem proibir as mulheres afegãs de frequentarem o Parque Nacional Band-e-Amir, Património Mundial da UNESCO, na província turística de Bamyan, aumentando assim a longa lista de restrições a que estão sujeitas. Uma decisão "cruel" e "totalmente intencional" condenaram, esta segunda-feira, as organizações humanitárias.
"Não contentes por privarem as raparigas e as mulheres da educação, do emprego e da liberdade de circulação, os Talibãs querem também retirar-lhes os parques e o desporto, e agora até a natureza", denunciou Heather Barr, diretora-adjunta dos direitos das mulheres da organização Human Rights Watch.
As organizações de defesa dos Direitos Humanos condenaram, esta segunda-feira, a decisão "cruel" de impedir o acesso das mulheres afegãs ao Parque Nacional Band-e-Amir, na província de Bamyan, maioritariamente habitada pela minoria xiita Hazara, e considerada a menos perigosa e uma das menos conservadoras do país.
"Passo a passo, os muros estão a fechar-se sobre as mulheres, com cada casa a tornar-se uma prisão", denunciou Heather Barr, num comunicado.
O vale do Bamyan, no centro do Afeganistão, é o principal destino turístico do país, esculpido por longos penhascos e formado por uma rede de lagos turquesa. Foi declarado Património Mundial da UNESCO em 2023.
Aqui muitas famílias afegãs costumavam alugar “gaivotas” para navegar nos lagos e passear ao longo das margens, mas agora esse direito parece estar reservado exclusivamente aos homens.
Mohammad Khalid Hanafi, ministro da Prevenção do Vício e da Promoção da Virtude, justificou a proibição, durante uma visita à província de Bamyan, alegando o uso incorreto do hijab, o lenço islâmico, nos últimos dois anos.
"Temos de tomar medidas sérias agora. Temos de impedir o desrespeito pelo hijab", afirmou o ministro afegão.
Acrescentando que "as mulheres e as nossas irmãs deixarão de poder viajar para Band-e-Amir enquanto não tivermos estabelecido diretrizes (...). O turismo existe, elas podem fazer turismo, mas o turismo não é obrigatório".
"Temos de tomar medidas sérias agora. Temos de impedir o desrespeito pelo hijab", afirmou o ministro afegão.
Acrescentando que "as mulheres e as nossas irmãs deixarão de poder viajar para Band-e-Amir enquanto não tivermos estabelecido diretrizes (...). O turismo existe, elas podem fazer turismo, mas o turismo não é obrigatório".
Entretanto o relator especial da ONU sobre a situação dos Direitos Humanos no Afeganistão, Richard Bennet, questionou a nova medida tomada pelo Governo Talibã, na sua conta da rede social X, antigo Twitter.
"Alguém pode explicar por que razão esta restrição às mulheres que vão à
Band-e-Amir é necessária para cumprir a lei da Sharia e a cultura
afegã?”.
Can someone please explain why this restriction on women visiting Bande Amir is necessary to comply with Sharia and Afghan culture? #womensrightsarenotnegotiable https://t.co/QbC6azYbmm
— UN Special Rapporteur Richard Bennett (@SR_Afghanistan) August 27, 2023
A organização Human Rights Watch considera que "a explicação sobre o facto de uma mulher não usar um hijab adequado não faz qualquer sentido" e que "também está
em causa a sua capacidade de sentir alegria".
c/agência France Presse
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