Afeganistão. Quatro militares "com urgência absoluta" para retirar 116 afegãos que ajudaram missão portuguesa

por RTP

Foto: Lusa

Portugal tem uma lista de 116 afegãos a quem os quatro militares portugueses, chegados durante a madrugada desta quarta-feira ao Afeganistão, vão "facilitar o acesso a Portugal", declarou o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, em entrevista no "Jornal da Tarde".

"A missão é ajudar a entrar no aeroporto e nos aviões aqueles que constam da lista prioritária de Portugal", cerca de 20 afegãos "que trabalharam diretamente para as forças destacadas portuguesas ao longo de quase 20 anos" no Afeganistão.

Estas pessoas, essencialmente intérpretes, podem fazer-se acompanhar de "uma esposa e de todas as crianças menores", o que faz um total de 116 pessoas, enunciou o ministro. Há ainda um outro grupo de 50 afegãos, já identificados, que trabalharam para a NATO e para a União Europeia e que vão viver em Portugal.

O número de refugiados que Portugal poderá receber pode ainda ser alargado. João Gomes Cravinho anunciou que os ministros da Administração Interna dos 27 Estados membros da União Europeia vão reunir-se dia 31 para "tratarem a questão dos refugiados". "Haverá uma concertação no quadro da União Europeia para uma vaga de refugiados", referiu o ministro.

Questionado sobre o calendário da missão portuguesa, João Gomes Cravinho foi perentório: "Não há nenhum calendário. Há uma urgência absoluta, e que se vai desenrolar ao longo das próximas 24 horas, que é de os retirar do Afeganistão". O ministro justificou ainda que quatro militares "é o número adequado para a missão": ajudar a entrar no aeroporto de Cabul os que, no passado, ajudaram os militares portugueses.

Os quatro militares "vão trabalhar a partir do aeroporto" de Cabul. "Não há condições para sair do aeroporto. É uma situação delicada e complicada. É uma missão de risco", sublinhou o ministro da Defesa à RTP.

Além dos intérpretes, também os cidadãos afegãos que colaboraram com a NATO e aqueles em situação de fragilidade, como jornalistas, serão considerados prioritários.

João Gomes Cravinho admite a necessidade de fazer "uma análise muito profunda àquilo que correu mal nos últimos anos, sobretudo nos últimos meses" da missão internacional no Afeganistão. No entanto, o ministro da Defesa destacou a "capacidade excecional de interlocução" dos militares portugueses que passaram pelo Afeganistão.

"As nossas forças destacadas podem estar muito orgulhosas", notou o ministro da Defesa.

No aeroporto de Cabul, a retirada de afegãos que trabalharam com as forças ocidentais implica uma verdadeira corrida contra o tempo das forças aliadas.

Cerca de 19.000 pessoas foram evacuadas de Cabul na terça-feira, de acordo com a agência Reuters. Desde 14 de agosto, foram transportadas de avião para fora do país 82.300 pessoas, referiu a Casa Branca esta quarta-feira.

Nas últimas 24 horas, foram realizados 42 voos militares dos EUA e 48 voos da coligação para retirar civis afegãos.
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