Afeganistão. EUA e Taliban de acordo para reduzir violência

por RTP
Reuters

Um alto responsável referiu à agência de notícias Reuters, sob anonimato, que Washington e os Taliban chegaram a acordo esta sexta-feira, para uma espécie de cessar-fogo parcial, equivalente a uma semana com violência reduzida.

Não há ainda data para a entrada em vigor deste período de sete dias.

A mesma fonte norte-americana, acrescentou que o acordo "muito específico" irá abranger o país inteiro e irá aplicar-se igualmente às forças armadas afegãs, apesar do Governo de Ashraf Ghani ter sido excluído das negociações, entre os EUA e os Taliban, que têm decorrido no Qatar.

"O acordo de redução de violência é muito específico. É nacional e inclui os afegãos", afirmou o responsável. Também se aplica a "tudo - bombas de estrada, bombistas suicidas, ataques de morteiro, está tudo lá escrito".

Apesar dos limites, o acordo pode ser o primeiro passo para uma eventual retirada das tropas norte-americanas estacionadas no Afeganistão, caso as condições do acordo - que não foram totalmente reveladas - sejam cumpridas.

A dar-se, a retirada norte-americana deverá ser feita por fases e coincidir com negociações entre Taliban e o Governo afegão sobre o futuro político do país. Uma retirada total norte-americana não iria implicar necessariamente a pacificação do Afeganistão. Os Taliban têm-se negado a depôr armas, e rejeitaram um cessar-fogo total durante as negociações.

Trump não é o primeiro Presidente norte-americano a querer sair do Afeganistão, após 18 anos de conflito. Tanto George W.Bush como Barack Obama o tentaram e fracassaram, devido ao receio de um regresso dos Taliban ao poder, implicar um regresso ao país da rede de terror islamita, al Qaeda.

Em ano eleitoral, até uma retirada parcial do Afeganistão será um poderoso trunfo para Donald Trump, uma vez que essa é uma bandeira de todos os candidatos democratas ao cargo da Casa Branca.

O acordo desta sexta-feira antecipa, por enquanto, as conversações de paz com todas as partes afegãs dentro de 10 dias, referiu o responsável.

O anúncio do acordo seguiu-se a um encontro entre o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, o secretário da Defesa dos EUA, Mark Esper e o Presidente afegão Ashraf Ghani, à margem de uma conferência sobre segurança em Munique.

Quinta-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, já havia admitido a existência de uma "boa possibilidade" de chegar a acordo com os Taliban sobre a diminuição do número de soldados americanos em solo afegão, quase duas décadas depois do início da invasão do país.

Mark Esper foi o primeiro a revelar, também quinta-feira, que os EUA e os Taliban "negociaram uma proposta para uma redução de violência ao longo de sete dias".
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