A pista do aeroporto de Cabul foi reparada e já consegue receber voos humanitários, anunciou o embaixador do Qatar no Afeganistão, citado pela Al Jazeera. De acordo com o diplomata, os trabalhos foram feitos por uma equipa técnica do Qatar "em cooperação com as autoridades do Afeganistão". O secretário de Estado norte-americano Antony Blinken vai no início da semana ao Catar, onde estão refugiados muitos afegãos. A ONU vai reunir-se para debater a ajudar humanitária ao Afeganistão.
Morreram pelo menos 17 pessoas durante celebrações com tiros para o ar, o que motivou uma declaração do porta-voz talibã no Twitter. “Evitem disparar para o ar e, em vez disso, agradeçam a Deus. As balas podem ferir civis, por isso não as disparem desnecessariamente”, escreveu Zabihullah Mujahid.
“O Afeganistão enfrenta um desastre humanitário iminente”, devido a “ um conflito prolongado, uma seca severa e à pandemia de Covid-19”, referiu Stéphane Dujarric. O porta-voz acrescentou que os voos humanitários para o Norte e Sul do Afeganistão foram retomados, permitindo que “160 organizações humanitárias continuassem a sua atividade nas províncias afegãs”.
Now more than ever, Afghan children, women & men need support & solidarity from the international community.
— António Guterres (@antonioguterres) September 3, 2021
I will convene a high-level humanitarian conference for Afghanistan on 13 September to advocate for a swift scale-up in funding & full, unimpeded access to those in need. pic.twitter.com/nOnoNFCEuy
Com uma população de 38 milhões de habitantes, o Afeganistão está dependente da ajuda humanitária. Um em três pessoas não sabe quando terá a próxima refeição, sendo ainda estimado que metade das crianças com menos de cinco anos apresentem graves sinais de malnutrição dentro de 12 meses.
Já o cenário de uma eventual ajuda ao país diretamente através do governo talibã é muito remoto. A falta de supervisão e a relutância “em apoiar um governo que é um anátema para nós” torna “muito difícil convencer os membros do Congresso a fazer alguma coisa que pareça um apoio ao governo talibã”, declarou um assessor democrata à agência Reuters. Uma posição corroborada à mesma agência por um assessor republicano. “Os republicanos não apoiariam de forma alguma a entrega de dinheiro aos talibãs”, afirmou.
Secretário de Estado dos EUA no Catar
Os governantes Qatar têm desempenhado o papel de facilitadores do diálogo entre americanos e talibãs. Por isso, o secretário de Estado norte-americano planeia transmitir a sua “profunda gratidão” pela ajuda na retirada do Afeganistão de estrangeiros bem como de afegãos suscetíveis de sofrerem represálias dos talibãs. Os Estados Unidos moveram para Doha os diplomatas nacionais que tratam das questões afegãs.
Foram transportadas cerca de 123 mil pessoas, 75 por cento das quais “afegãos em risco”, durante a segunda quinzena de agosto. Mais de 55 mil pessoas foram transportadas via Doha, a principal base de apoio da gigantesca operação de resgate.
Por isso, Antony Blinken vai deslocar-se ao Catar, entre segunda e quarta-feira da próxima semana, para viabilizar a retirada de mais pessoas que ainda querem deixar o Afeganistão (cerca de 200 americanos continuam no país), mas não tem planos para encontrar-se diretamente com os representantes afegãos.
“Se for necessário que o secretário de Estado fale com um líder talibã sobre algum assunto do nosso interesse nacional, ele o fará, mas neste momento ainda não temos planos para tal”, declarou um diplomata, citado pela Reuters.
No entanto, Blinken disse esperar que o governo talibã seja “realmente inclusivo”, com “não-talibãs” e “representantes das diferentes comunidades e dos diferentes interesses no Afeganistão”.
Depois, Blinken prossegue viagem para a Alemanha, onde vai co-presidir a uma reunião do “grupo de contacto” para a crise afegã, que junta representantes de duas dezenas de países.